Manifestantes carregam o ativista morto com um tiro do exército
Reprodução

Multidão aguardava retorno do presidente de HondurasA volta do presidente deposto, Manuel Zelaya, a Honduras foi frustrada neste domingo, 5 de julho. Numa ação de brutal violência, o exército bloqueou a pista do aeroporto internacional de Toncotín, na capital Tegucigalpa e deixou dois manifestantes mortos, segundo o jornal La Nación e outros órgãos de imprensa. Um deles era um jovem de apenas 19 anos, Isis Obeth Murillo.

Zelaya saiu de Washington para Honduras. O avião não pode pousar porque o exército bloqueou a pista com caminhões e ameaçou interceptar no ar o avião de Zelaya, com jatos militares, caso tentasse pousar. A aeronave não tentou o pouso e levou Zelaya para a Nicarágua.

Milhares de manifestantes contrários ao golpe se reuniram no aeroporto para receber Zelaya. A resposta do exército foi categórica: bombas de gás lacrimogêneo e tiros de fuzil. Os manifestantes reagiram lançando pedras e devolvendo as bombas. Dois deles foram mortos com tiros e dezenas ficaram gravemente feridos. Mesmo diante das imagens de tv, os golpistas chegaram ao absurdo de afirmar que os dois teriam sido mortos pelos próprios manifestantes.

Novas manifestações estão previstas para esta segunda-feira contra o presidente imposto Roberto Micheletti. O governo militar, no entanto, manteve toque de recolher, o que deve significar mais violência contra a população hondurenha. De acordo com a Agência Bolivariana de Notícias, cerca de 600 pessoas já teriam sido detidas.

O portal La Prensa Libre, da Costa Rica, informou que durante as manifestações, o governo entrou em rede nacional de TV e rádio com repetidas mensagens do próprio presidente e da Igreja católica pró-golpe. As inserções impediram as emissoras de informarem sobre a tentativa de volta de Zelaya e os conflitos.

O golpe
No dia 28 de junho, Zelaya foi seqüestrado em sua casa e mandado à Costa Rica pelo exército hondurenho. Uma carta de renúncia foi forjada. O pretexto para o golpe foi uma consulta que o governo estava fazendo à população sobre direito à reeleição. A oposição acusa Zelaya de tentar se manter no poder. O golpe foi ordenado pela Suprema Corte e apoiado pela grande imprensa, pela Igreja e pelo parlamento.

Desde então, toda a comunidade internacional tem se mobilizado contra o golpe. Dentro de Honduras, a população, contrária ao golpe, tem sido brutalmente reprimida e não se tem idéia do número de feridos. O exército tem atacado não para dispersar, mas para matar se preciso. Prova são as vítimas fatais.

Apesar da repressão, o povo tem mantido os protestos. A população hondurenha está vivendo um verdadeiro terror nas ruas. Neste momento, é preciso a máxima solidariedade ao povo de Honduras e o repúdio a este golpe. Zelaya está longe de ser um governo dos trabalhadores ou mesmo popular. Mantém em Honduras todas as políticas imperialistas, como o Tratado de Livre Comércio (TLC).

Nos anos 70, sob a orientação do imperialismo, ditaduras militares se espalharam pela América Latina e marcaram a história do continente. Os trabalhadores conhecem essa história, e por isso o grande rechaço ao que acontece em Honduras. Sabe-se que os mais atacados pelo golpe serão os trabalhadores e a população pobre. Não se pode permitir que este tipo de governo fascista retorne e se mantenha em nosso continente e em qualquer outra parte do mundo.