CUT, UNE e MST repetem discursoEnquanto deputados, governo e a oposição burguesa chafurdam dia após dia num verdadeiro dilúvio de corrupção, a CUT, a UNE e o MST cumprem papéis dos mais lamentáveis.

No dia 15, essas entidades divulgaram nota cujo título era “Barrar o golpe midiático: Movimentos sociais vão às ruas contra o golpismo e a corrupção”.

No conteúdo do texto, CUT, UNE, PCdoB e MST procuram desqualificar os escândalos de corrupção afirmando que “as ‘denúncias’ lançadas pelo deputado Roberto Jefferson visam colocar o governo na defensiva, para melhor isolar e derrotar o projeto de mudanças para o qual foi eleito”. O secretário nacional de Comunicação da CUT, Antonio Carlos Spis, chegou a dizer que as denúncias feitas por Roberto Jefferson “vem sendo manipuladas pela grande mídia para interferir no inconsciente coletivo, transformando uma mentira em verdade, e paralisando o país”. Para essas entidades, chamar o governo Lula de corrupto é fazer o jogo da direita e das elites que estariam articulando um “golpe branco” contra o governo do PT.

Apoiados na justa desconfiança em relação a Jefferson – afinal, ele foi integrante da tropa de choque de Collor e acumula uma farta lista de corrupção –, essas entidades, mais uma vez, procuram confundir a população e dar uma cobertura de esquerda ao governo. Não dizem, porém, que Roberto Jefferson só existe
politicamente graças ao PT. Aliás, se ainda continua roubando foi porque o governo federal deixou. Lula chegou a chamá-lo de parceiro e a dizer que “daria um cheque em branco” ao petebista no auge das denúncias contra ele. Já a mudança da qual o documento fala soa como uma piada de mau gosto. Em dois anos e meio de governo, Lula aprofundou o neoliberalismo e fez a festa dos banqueiros e grandes empresários que nunca lucraram tanto quanto neste governo. Esses setores, portanto, não teriam nenhum motivo para articular algum “golpe” contra o governo, pelo contrário, procuram preservá-lo, uma vez que sua política econômica é amplamente favorável a eles. Não é à toa que o próprio senador petista Delcídio Amaral, presidente da CPI dos Correios, referindo-se ao seu partido, disse recentemente que “a elite somos nós”.

Essas entidades cumprem um papel de primeira linha ao estacar toda e qualquer mobilização social contra a corrupção e os ataques promovidos pelo governo contra os trabalhadores. Um papel, diga-se de passagem, vergonhoso e repugnante. Fazem isso porque possuem vínculos como o governo e recebem dinheiro do Estado.

Recentemente, em uma de suas colunas, o escritor e histórico simpatizante do PT Luiz Fernando Veríssimo ironizou aqueles que apregoam que existe um golpe conservador por trás das denúncias de corrupção no governo do PT: “Não fosse por um detalhe, o que estaria em curso hoje no Brasil seria um clássico golpe conservador (…) contra um inadmissível governo de esquerda. O detalhe que falta, claro, é o governo de esquerda”.
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