Sindicato da cidade, ligado à Força Sindical, aceitou e defendeu a redução de direitos. Trabalhadores não foram consultadosA multinacional norte-americana General Motors e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul (SP) anunciaram nesta quarta, dia 20, a abertura das 600 novos empregos para a planta da empresa na cidade. O projeto da montadora inclui a produção de 50 mil novos veículos e estava inicialmente previsto para São José dos Campos (SP).

O anúncio da transferência das novas vagas ocorreu após a ampla maioria dos 9 mil metalúrgicos da GM de São José dos Campos ter rejeitado as condições impostas pela montadora para a criação dos postos. A multinacional chantageou os trabalhadores da cidade, condicionando a abertura dos 600 novos empregos à adoção de uma série de medidas que flexibilizam os direitos e rebaixam ainda mais os salários dos metalúrgicos. A empresa queria impor um banco de horas na fábrica, contratar com grade salarial rebaixada e por tempo determinado, entre outras medidas.

Com a recusa dos trabalhadores, a GM, junto com a prefeitura, o empresariado e a imprensa, passaram a realizar uma campanha massiva contra o sindicato os metalúrgicos. Tal campanha teve o auxílio da direção do sindicato de São Caetano do Sul, ligado à Força Sindical. O presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, deu declarações à imprensa criticando a luta dos metalúrgicos. O sindicato de São Caetano, que aceita o banco de horas, chegou a distribuir jornais na portaria da GM em São José dos Campos, justificando as medidas que impõem a flexibilização.

Com a demonstração de que o sindicato é parceiro dos patrões na redução de direitos, a GM decidiu implantar o projeto em São Caetano do Sul. O acordo entre o sindicato e a direção da empresa foi firmado sem nem ter sido submetido à aprovação dos trabalhadores. No entanto, a multinacional já anunciou que, dentro de três meses, vai apresentar uma nova proposta à São José dos Campos, com rebaixamento de direitos e salários. A empresa já articula uma campanha entre os setores da elite da cidade a fim de minar a resistência dos metalúrgicos.

A farsa da campanha da CUT e Força Sindical pela diminuição da Jornada
O anúncio da transferência dos empregos para São Caetano do Sul, numa ação coordenada com o sindicato da Força Sindical para contratar com direitos rebaixados, expõe a farsa da campanha das centrais pela redução da jornada de trabalho. O banco de horas, ardorosamente defendido pela Força para “manter os empregos”, na prática representa o aumento da jornada nos períodos em que a empresa precisa produzir mais. Isso se dá sem o pagamento de horas extras. Já a CUT foi a pioneira na implantação do banco no país, com o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, nos anos 90.

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