A multinacional, o empresariado e a imprensa de São José dos Campos (SP) voltam novamente suas baterias contra os metalúrgicos da GM. O objetivo é um só: ameaçar os trabalhadores para impor uma redução dos salários e direitos. Leia abaixo artigo de VivaldDiante da decisão da General Motors do Brasil em investir R$ 700 milhões em São Caetano, mais uma vez, a direção da montadora e setores da imprensa e do empresariado teimam em responsabilizar o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos pelo fato da fábrica não ter escolhido a nossa cidade para a aplicação dos recursos. Novamente, esses setores se utilizam de argumentos inverídicos e informações incorretas para atacar a organização dos metalúrgicos e a legítima luta em defesa dos empregos e direitos.

A verdade é que a GM do Brasil tem sido o único setor lucrativo da GM mundial, junto com a China. A fábrica de São José é responsável por 44% do faturamento, o equivalente a cerca de R$ 10 bilhões anuais, segundo dados de 2009.

Hoje, as fábricas da GM no Brasil atuam praticamente na capacidade máxima, no limite do ritmo de trabalho, depois das mais de 2 mil demissões feitas pela montadora no país no ano passado. Apesar disso, o presidente da montadora no Brasil, Jaime Ardilla, admitiu que, mesmo com o anúncio de investimentos (boa parte subsidiados com recursos públicos) a empresa não pretende abrir novo turno em São Caetano e gerar novos postos de trabalho.

O fato é que para garantir uma produção de 720 mil veículos em 2010, com as atuais 40 horas semanais, a GM teria de contratar 1.000 trabalhadores em Gravataí, 1.800 em São Caetano e 1.500 em São José dos Campos. Portanto, a ganância e o ritmo de trabalho alucinante na produção da GMB estão custando, pelo menos, 4.300 empregos. Isso significa uma economia de, aproximadamente, R$ 280 milhões para a empresa, soma que representará uma boa parcela do lucro líquido da GMB em 2010.

Uma das propostas da montadora era a ampliação da já estafante jornada de trabalho em São José, que passaria a 45 horas semanais (por meio de horas extras), mais dois sábados por mês.

O Sindicato em nenhum momento se recusou a negociar com a empresa, esteve sempre aberto a discutir alternativas, desde que estas não afetassem os direitos dos trabalhadores. O Sindicato encaminhou várias contrapropostas para buscar uma solução que garantisse tanto os investimentos quanto os direitos dos trabalhadores. A GM não aceitou nenhuma dessas propostas.

É importante clarificar que durante todo o período de negociação entre a GM e o Sindicato, a respeito de novos projetos, a montadora nunca garantiu que a cidade seria a escolhida para receber os investimentos, mesmo com um acordo. A única garantia para os trabalhadores é de que seus direitos e salários seriam reduzidos.

Os trabalhadores rejeitaram a proposta da empresa em várias assembléias. Não é para menos. Em 2008, depois de 6 meses de negociação, sindicato e GM fecharam acordo. A empresa prometeu gerar 600 empregos em São José. Ao contrário disso, poucos meses depois, mandou para o olho da rua mais de 800 trabalhadores, sem nenhuma consideração ou negociação, pouco se importando como esses pais de família iriam sobreviver.

O Sindicato é a favor de investimentos, mas alerta que nem sempre geram empregos. Caso não sejam acompanhados da redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e direitos, os investimentos podem gerar demissões, na medida em que as máquinas substituem os trabalhadores.

O que mais surpreende é a obsessão da GM em retirar direitos num dos momentos em que a empresa mais produz e lucra com a exploração dos seus empregados.

O Sindicato dos Metalúrgicos é a favor de investimentos, com o objetivo de garantir empregos, melhores salários, direitos e melhora nas condições de vida da comunidade em geral. Mas não podemos compactuar com medidas prejudiciais à classe trabalhadora
Os trabalhadores e a cidade de São José merecem respeito por parte da GM.

*presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos

Publicado originalmente em www.sindmetalsjc.org.br