Enquanto o governo Lula tenta minimizar os efeitos da crise no Brasil, as grandes empresas paralisam a produção e anunciam férias coletivas. As montadoras argumentam que a escassez do crédito fez despencar a venda dos automóveis, impulsionada pelas vendas a prazo no último período. Já a mineradora sofre com a diminuição da demanda e a baixa nos preços das commodities.

GM: novas férias coletivas
A GM comunicou a nova rodada de férias coletivas no final de outubro. Em São José dos Campos (SP), a produção será paralisada na Powertrain, MVA Powertrain, MVA (montagem dos modelos Corsa, Zafira e Montana) e CKD (fabricação de veículos desmontados para exportação), em períodos distintos. Ocorrem entre novembro e dezembro e devem atingir algo em torno de 3 a 4 mil metalúrgicos, em estimativa realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP).

“Essa é mais uma medida que prova que os empresários querem jogar a conta da crise nas costas dos trabalhadores. Nossa reivindicação é que a empresa garanta a estabilidade de emprego dos trabalhadores a qualquer custo”, disse o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região Luiz Carlos Prates, o Mancha.

“Não vamos permitir que os trabalhadores sejam penalizados por essa crise. Desde já vamos preparar nossa mobilização para defender os direitos e os empregos e em protesto contra as medidas que vierem a afetar a vida dos trabalhadores”, disse o diretor do Sindicato Vivaldo Moreira Araújo.

A GM também vai dar férias coletivas aos trabalhadores das plantas de Gravataí (RS) e São Caetano (SP). Em São José dos Campos, a decisão de conceder um segundo período de férias coletivas aos funcionários acontece menos de um mês após o primeiro anúncio, que ocorreu no dia 3 de outubro.

Na ocasião, a empresa anunciou férias coletivas de 20 de outubro a 2 de novembro para cerca de 1.500 trabalhadores. O primeiro anúncio ocorreu apenas três dias depois de a empresa ter encerrado um PDV (Programa de Demissões Voluntárias) que foi aberto no dia 17 de setembro com o objetivo de reduzir postos de trabalho. Chegou também menos de três meses após o fim do embate travado pela empresa na cidade para reduzir direitos e salários em troca da criação de 600 vagas.

Vale em marcha lenta
A empresa privatizada Vale (ex-Vale do Rio Doce), prejudicada com a redução da demanda por minérios, também anunciou a diminuição da produção e férias coletivas. A paralisação ocorre a partir do dia 1º de novembro e atinge minas do sistema Sul e Sudeste de Minas Gerais. Os funcionários das minas entram em férias coletivas, que deve durar de 15 a 20 dias.

*Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP).