A oficina “Globalização e Racismo”, promovida pelo Núcleo de Consciência Negra na USP” (NCN) e coordenada por Wilson H. da Silva, dirigente da entidade e membro da Secretaria Nacional de Negros e Negras do PSTU, foi realizada na manhã do dia 01, no Quilombo, instalado nos prédios 8 e 9 da PUC.

A oficina contou com a participação de mais de 100 pessoas, provenientes de praticamente todas as regiões do país, além de alguns estrangeiros. O centro do debate deu-se em torno da utilização que a burguesia faz do racismo como forma de superexplorar a juventude e os trabalhadores negros, em especial as mulheres.

Fornecendo dados como os do Mapa da População Negra no Mercado de
Trabalho, elaborado pelo INSPIR, Wilson ressaltou como a Globalização
capitalista tem acirrado o racismo. Por exemplo, sabe-se, hoje, que no Brasil, uma mulher negra recebe, em média, um terço daquilo que é pago para homens brancos e que, em escala nacional, o desemprego é 40% maior entre negros e negras, em relação aos brancos.

Um ponto importante do debate deu-se em torno das relações que as
organizações de esquerda mantém com a questão racial e o movimento negro.

Defendendo que é fundamental adotar uma postura classista no combate ao racismo, Wilson afirmou que “assim como Malcolm X dizia, temos certeza que não há capitalismo sem racismo, por isso não há como combater um sem atacar o outro sem tréguas. As organizações de esquerda, assim como os sindicatos e os movimentos estudantil e popular, têm que aprender a incorporar as reivindicações do movimento negro em sua pauta. Não é possível discutir saúde, educação, emprego e salário sem destacar como o racismo intervém nestes processos. Essa não é uma tarefa fácil, mas é fundamental para os rumos do processo revolucionário brasileiro e mundial.”