Parada GLBT em 2003, em Belo Horizonte
Victor Hugo

A homofobia é uma das formas de opressão mais naturalizadas e disseminadas na sociedade. Ao lado de mulheres e negros, homossexuais ocupam os piores postos de trabalho e sofrem constantemente assédio moral e sexual.

Além disso, travestis e transexuais dificilmente conseguem espaço no mercado de trabalho, sendo, na maioria das vezes empurrados (as) à marginalidade, expondo-se às mais diversas formas de risco e violência.

Se isso não bastasse, dentro dos próprios movimentos de luta contra a opressão (que se deixam levar pela lógica da classe dominante de “dividir para melhor explorar”), lésbicas ou homossexuais negros dificilmente têm suas reivindicações específicas incorporadas, o que contribui para sua “invisibilidade”.

Os serviços públicos de saúde, educação, segurança pública, etc., também não têm (e se recusam a criar) condições para atender homossexuais. Assim, os GLBT’s da classe trabalhadora ficam reféns das políticas neoliberais, que precarizam e sucateam estes serviços.

Nos últimos anos é inegável que houve um avanço na visibilidade gay no Brasil. Por exemplo, estamos presentes nas novelas e a Parada de São Paulo é hoje a maior do mundo. No entanto, essa “visibilidade” está longe de se transformar num combate efetivo à opressão.

Vistos como um novo mercado consumidor, o “mercado pink”, homossexuais (em especial o público gay masculino) são servidos com toda espécie de “produtos” – em lojas, boates, saunas, revistas, etc. – contanto, obviamente, que tenham grana, se adéquem ao “comportamento” e a ideologia hipócrita da classe dominante.

Hoje, muitas das organizações de combate à homofobia são financiadas por patrões e governos, o que as fez abandonar reivindicações históricas do movimento e, até mesmo, a denúncia de quem é conivente com a opressão. Ou, ainda pior, se voltarem contra os movimentos que ousam questionar suas políticas, como ocorreu no ano passado, quando a Associação da Parada de São Paulo, utilizou-se da polícia e da violência para retirar o carro de som da Conlutas da Parada GLBT.

No Brasil, isto é particularmente visível após sete anos de governo, Lula, que se diz aliado dos homossexuais, não trouxe nenhuma mudança concreta, mas ganhou o apoio do movimento como muito blá-blá-blá nas “conferências nacionais” e documentos vagos, como o “Brasil sem Homofobia”.

Enquanto isso, o país segue campeão entre aqueles em que pessoas são mortas simplesmente por serem homossexuais e um dos que têm uma das legislações mais homofóbicas do mundo.

É contra tudo isto que lutamos. Por isso, nestes 15 anos, nunca deixamos de lutar pela organização dos GLBT’s, seja no interior do partido ou do movimento. Para nós, esta é uma luta de todos os trabalhadores e da juventude. E uma luta que tem que ser travada, também, contra o capitalismo.

Por isso, este ano, também temos orgulho em comemorar, no dia 28 de junho, os 40 anos da rebelião que reorganizou o movimento gay, ocorrida em Nova Iorque, contra a repressão policial, num bar chamado Stonewall. Foi lá, entre barricadas e protestos que se originou o Dia do Orgulho GLBT. E é pra dar continuidade a esta luta que existimos.

* Colaboraram: Babi Borges (Secretaria GLBT) e Ana Rosa Minutti (Secretaria
de Mulheres).
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