PSTU-AM

Gilberto Vasconcelos, presidente do PSTU-Amazonas

De todo o país, Manaus já é a capital com mais casos de Covid-19 proporcionalmente à população. As cenas do genocídio se expressam de forma brutal: seja nos hospitais que já não conseguem atender a população, seja no sistema funerário e nos cemitérios que não dão conta de enterrar os mortos.

No interior do Amazonas a situação também é muito grave devido à inexistência de hospitais e onde tem não há Unidades de Terapia Intensiva (UTI), medicamentos e respiradores. A dificuldade de transporte para Manaus, que na maioria dos casos é de barco para a população pobre, está impedindo o socorro rápido e as pessoas estão morrendo sem nenhuma assistência médica.

E se isso fosse pouco, a capital, Manaus já está com a capacidade do sistema público de saúde esgotada.

Enquanto isso o governo Bolsonaro se mantém inerte e diz que não tem nada a ver com isso.

Caos na saúde

Desde meados do mês de abril os hospitais públicos entraram em colapso, causando a morte de muitos doentes por falta de respiradores e até mesmo por falta de atendimento de menor complexidade. Enquanto isso acontece, a rede privada possui milhares de leitos clínicos, UTI’s ociosas, equipamentos e profissionais que poderiam ser usados para tratar a população.

Tudo isso acontecendo e o governador Wilson Lima não toma nenhuma atitude eficaz para resolver ou pelo menos amenizar a situação. Pelo contrário, se omite ou toma atitudes erráticas e suspeitas como no caso do aluguel milionário de um prédio abandonado para servir de hospital de campanha.

Estatização do sistema privado de saúde já sob controle dos trabalhadores

Frente a essa situação, o PSTU/AM entrou com uma ação popular na justiça para que o Estado do Amazonas requeira administrativamente (estatize) a totalidade dos bens e serviços de pessoas jurídicas e físicas relativos à assistência à saúde prestada em regime privado para, dessa forma, aumentar a capacidade de atendimento da população que precisa desses serviços.

A estatização de todo o sistema privado de saúde é uma necessidade urgente para que ninguém mais venha a morrer por falta de atendimento médico. Mas no capitalismo a saúde é uma mercadoria, um privilégio de quem pode pagar. Nós defendemos que a saúde seja um direito de todo e qualquer ser humano.

Mas a justiça até agora não decidiu nada sobre a nossa ação judicial. E enquanto isso milhares de pessoas caminham para a morte.

A verdadeira face das multinacionais:  lucro e morte!

Mesmo com esse cenário de colapso da saúde e do crescimento dos casos de COVID-19 e também de mortes, as multinacionais da Zona Franca decidiram colocar os/as operários/as para trabalhar em suas fábricas sem as menores condições sanitárias e em ambientes altamente propícios à contaminação.

A manutenção do funcionamento das fábricas, nesse momento, é o principal obstáculo para uma quarentena total. Sendo a maior concentração de pessoas da cidade, além da circulação, ampliará a contaminação e as mortes.

Mas para garantir a quarentena total, o governo federal deve pagar imediatamente o insuficiente auxílio emergencial de R$ 600,00, que além de insuficiente, não chega a todos/as que precisam e empurra grande parte da população para arriscar a própria vida em busca de trabalho, enquanto deveriam estar de quarentena.

E se o governo federal não garante, é obrigação do governador Wilson Lima garantir a manutenção das famílias. Nesse empurra, empurra os trabalhadores morrem de forme ou de Covid-19.

Governador, prefeito e justiça contra lockdown

O baixo índice de isolamento social vem provocando o avanço acelerado da covid-19 e do número de óbitos. Em função disso, o Ministério Público Estadual (MPE) protocolou ação para que a justiça determinasse lockdown em Manaus por 10 dias. Imediatamente, o pedido foi contestado tanto pelo prefeito Artur Neto, quanto pelo governador Wilson Lima e finalmente negado pela justiça, mostrando que assim como os governantes, a justiça está à serviço das multinacionais.

A pressão de empresas como Samsung, Honda, Yamaha, LG Electronics e outras, que juntas faturaram mais de R$ 104 bilhões em 2019 (dados Superintendência da Zona Franca de Manaus) e agora argumentam que se for adotado lockdown, vai gerar desemprego e queda na arrecadação de ICMS e também da CDL-M (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus) tem como objetivo fazer com que mais de um milhão de pessoas voltem às suas atividades normais em meio ao crescimento das infecções por Covid-19 e de mortes em Manaus.

Esse fato, para além do contágio nas fábricas, nos ônibus, nas ruas e lojas, mostra o quanto a classe dominante brasileira é subserviente ao capital internacional que rouba nossas riquezas e ainda, mata literalmente, a classe trabalhadora.

Povos indígenas

Na vastidão da Floresta Amazônica, dos rios Javari, Madeira, Purus, Tapajós, Amazonas e Solimões, dentre tantos outros e das montanhas do Alto Rio Negro as vidas de milhares de indígenas correm perigo. A Covid-19 chegou à maioria dessas terras e rios por meio de garimpeiros, madeireiros, grileiros e piratas biológicos a serviço do grande capital.

Com Bolsonaro, o extermínio dos indígenas por Covid-19, significa caminho aberto para o roubo das riquezas de suas terras. Ele não economiza palavras para incentivar a invasão desses territórios. Tal vez esta seja a única explicação para que até agora nenhuma medida efetiva tenha sido tomada para retirar os milhares de garimpeiros e madeireiros dos territórios indígenas, não só do Amazonas, mas também de Roraima, Pará, Acre, Rondônia, Amapá e Maranhão.

Para as mineradoras, grandes fazendeiros e madeireiros, o que importa não é a vida dos indígenas e sim o roubo das riquezas naturais. Da mesma forma para as multinacionais da Zona Franca, as vidas dos operários são apenas peças na engrenagem da produção, o que lhes importa é o lucro.

Para garantir a vida dos/das indígenas defendemos:

  • Expulsão imediata dos garimpeiros, madeireiros, grileiros e piratas biológicos de suas terras;
  • Demarcação de todos os territórios requeridos pelas nações indígenas.

Para garantir a vida dos/das operários/as defendemos:

  • Greve geral no Polo Industrial de Manaus!
  • Quarentena total já, com garantia de salário integral!
  • Estabilidade no emprego!
  • Garantia renda mensal para autônomos e desempregados. R$ 600,00 não é suficiente!
  • Estatização da rede privada de saúde e lista única de leitos clínicos e de UTI’s!
  • Construção de novos leitos de UTI’s e conversão de fábricas para produção de respiradores!
  • Distribuição massiva de máscaras e álcool em gel para a população!
  • Proibição de despejos e confisco dos imóveis vazios para sem-teto!