Redação

No dia 23 de março, Bolsonaro fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, onde mentiu descaradamente. Disse que o governo sempre foi a favor da vacina e que sempre trabalhou contra a pandemia. O som das panelas mostrou que a população não engole mais esse absurdo.

Desde o início, o presidente não fez outra coisa senão sabotar qualquer medida mínima que fosse útil para combater o coronavírus. Das vacinas às parcas medidas de distanciamento social. Há poucos dias, entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) contra as medidas de distanciamento social nos estados. Mais do que isso, avisou que o “seu” Exército não iria permitir “lockdown” e, ainda, ameaçou com Estado de Sítio.

O resultado de sua política genocida é o completo colapso da saúde, com cenas aterradoras, como a de uma multidão rezando, de joelhos, em frente a um hospital em Santa Catarina; gente morrendo na fila das UTIs; ou, ainda, pacientes intubados, acordando por falta de sedativos.

Não se trata apenas de omissão ou incompetência. Como revelado por um levantamento da Conectas/USP, o governo Bolsonaro agiu de forma deliberada para espalhar o vírus, a fim de atingir a “imunidade de rebanho”. Sua preocupação em não tocar nos lucros dos banqueiros e grandes empresários, e com vistas às eleições, o fez transformar o Brasil num grande cemitério a céu aberto. O nome disso é genocídio.

A hipocrisia dos governadores e do empresariado

O recrudescimento da pandemia e a queda na popularidade obrigaram Bolsonaro a tentar dar um cavalo-de-pau no seu discurso negacionista em relação à vacina. Por outro lado, governadores e boa parte da burguesia subiram o tom. Não porque estejam, de fato, preocupados com a escalada de mortos; mas pelo simples fato de que nenhum país funciona com a Saúde em colapso, enterrando 3 ou 4 mil pessoas diariamente. Situação que coloca em risco o lucro e os interesses da burguesia.

Essa postura, no entanto, explicita a hipocrisia da burguesia. Ao mesmo tempo em que critica a política desastrosa de Bolsonaro em relação à pandemia, continua sustentando esse governo. Para ela, o que importa é aprovar mais reformas, como a Reforma Administrativa, uma nova rodada de Reforma Trabalhista e mais ajuste fiscal. Enfim, continuar jogando os efeitos da crise nas costas dos trabalhadores. Mas com medidas muito mínimas, como o auxílio de fome, para tentar evitar uma explosão social.

Os governadores, por sua vez, bradam contra o Governo Federal, mas impõem medidas insuficientes nos estados, para não ir contra os interesses daqueles que lhes financiam: os grandes empresários, o grande comércio e os banqueiros. Já o Centrão também continua sendo fiador desse governo. Votou a favor do auxílio-emergencial de fome (de R$ 150 a R$ 375) que, na prática, é para que não haja “lockdown”. E, ainda, acelerou, na Câmara, uma lei “antiterrorismo” cujo único objetivo é o de facilitar a repressão contra manifestações e o movimento.

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Enquanto fechávamos esta edição, ocorriam protestos em todo o país contra o governo. O dia 24 de março, “Dia Nacional de Luta pelo Fora Bolsonaro”, contou com paralisação de motoristas em várias partes do país e mobilizações em fábricas, obras e ocupações. A indignação é crescente. É preciso avançar na organização, rumo a uma greve sanitária, paralisando todos os setores não-essenciais, a fim de exigir vacinação já, auxílio emergencial de R$ 600 (deveria ser, pelo menos, de um salário mínimo), licença remunerada, estabilidade no emprego e auxílio aos pequenos negócios, para que se possa ter uma quarentena geral de fato.

Para viabilizar a vacinação em massa, precisamos exigir, ainda, a quebra imediata das patentes, com a reconversão das fábricas para a sua produção. O país conta com 30 fábricas de vacina para gado que poderiam ser adaptadas. Da mesma forma que setores da indústria poderiam ser reconvertidos para a produção de oxigênio hospitalar, máscaras N95 (PFF2) e demais insumos. Porém, Bolsonaro, os governadores e a classe dominante continuam mais preocupados com seus lucros do que com a vida dos trabalhadores e da população.

Fora Bolsonaro e Mourão! Defender as liberdades democráticas

Botar para fora Bolsonaro e Mourão é pré-condição para pararmos a matança. O povo paraguaio é o exemplo do que deveríamos fazer, saindo às ruas para botar abaixo um governo corrupto e omisso quanto à pandemia.

É necessário, ainda, defender as liberdades democráticas contra as ameaças do governo (que contam com a cumplicidade de setores da Justiça e da Polícia), assim como impedir o uso da Lei de Segurança Nacional, esse entulho da ditadura, usada para perseguir opositores e tolher a liberdade de expressão. É urgente, também, barrar a lei anti-terrorismo recém apresentada.

A alternativa a Bolsonaro, por outro lado, não pode ser a continuidade dessa mesma política econômica do empresariado e do Congresso Nacional. Nem Paulo Guedes nem Rodrigo Maia ou o PSDB. Nem o projeto de Lula e do PT de uma nova frente com a burguesia, algo que já vimos no que deu.

Alternativa socialista e revolucionária

Para além disso, é necessário apontar uma perspectiva para a classe trabalhadora e a população, de superação desse sistema que só nos leva à morte, ao desemprego e à miséria. É preciso construir uma alternativa socialista e revolucionária, que defenda um governo socialista dos trabalhadores, baseado em conselhos populares.