Redação

Quem esperava que a aliança com o centrão ou troca de ministros fossem enquadrar Bolsonaro, forçando um recuo em sua política genocida e no negacionismo que já custaram quase 300 mil vidas, subnotificadas, no país, foi ingênuo. Nesta quinta-feira, 18, dia em que o Brasil registrou 2.724 mortes, e 20º dia seguido de recorde na média móvel de óbitos, 2.087, Bolsonaro provou que sua estratégia é apenas uma: avançar no genocídio contra a população.

Com os hospitais praticamente colapsados, Bolsonaro colocou em dúvida a pandemia. “Morreu de Covid? Parece que só se morre de Covid“, declarou ao grupo de apoiadores que se reúne diariamente no Planalto. Na mesma ocasião, questionou eficácia das vacinas. Já à noite, em sua live semanal, o genocida foi mais longe e voltou a defender o “tratamento preventivo”, incentivou os atos contra o lockdown, debochou mais uma vez das vítimas da COVID-19, chegando a imitar um doente sufocando, e anunciou que entraria com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra as medidas de distanciamento social, insuficientes, colocadas em práticas nos estados.

A ação de Bolsonaro no STF pede a suspensão de decretos de distanciamento editados pelos governos do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul. Mesmo sabendo que há pouca chance disso passar, é uma mais uma forma de Bolsonaro se posicionar contra qualquer medida de distanciamento, colocando-se de forma hipócrita como aquele que protege os empregos, mesmo aprovando um auxílio emergencial de fome cujo objetivo é justamente não dar condições para que os desempregados e informais possam ficar em casa.

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Mais do que isso, a fala de Bolsonaro deixa mais do que explícita uma ameaça. “Isso (toque de recolher) é estado de defesa, estado de sítio que só uma pessoa pode decretar: eu“, afirmou. Não foi a primeira vez que o candidato a ditador compara as medidas frouxas adotadas pelos estados a um “estado de sítio”, reafirmando que a medida cabe só a ele. O tom de ameaça a um golpe ganha força num momento em que há uma onda persecutória contra opositores a seu governo ou simplesmente quem o chama pelo que de fato ele é: genocida.

Outra medida anunciada por Bolsonaro é um Projeto de Lei ao Congresso Nacional considerando todas as atividades “essenciais”, justamente para sabotar as medidas de distanciamento e terceirizar a culpa pelo desemprego e a crise econômica. Se é improvável que passe, demonstra também o imobilismo e a covardia do Congresso. Mesmo com três senadores vitimados pela COVID-19, e a comoção causada na Casa com a morte do Major Olímpio neste dia 18, a CPI da Pandemia continua engavetada. Mais do que isso, o deputados e senadores são cúmplices de Bolsonaro ao aprovarem medidas como a PEC Emergencial que, em plena pandemia, estabelece medidas de ajuste fiscal como um gatilho que possibilita o congelamento de salários de servidores nos próximos 15 anos.

Ao mesmo tempo, o país caminha rapidamente para o aprofundamento do colapso na saúde, no que uma carta aberta do grupo Observatório COVID-19 BR definiu como uma “crise sanitária e humanitária” sem precedentes. Não só há falta de UTI’s, com pessoas morrendo à espera de um leito, como há grave risco de faltarem medicamentos para entubação nos próximos dias, oxigênio hospitalar e mesmo profissionais de saúde. Ou seja, mesmo quem conseguir uma vaga de UTI pode morrer por falta de insumos ou profissionais.

Leia carta aberta do Observatório COVID-19 BR

Dia 24: Dia Nacional de luta pelo Fora Bolsonaro

Diante do caos sanitário e social, ganha cada vez mais importância o dia 24 de março, ação unitária convocada pelas centrais e demais entidades contra o governo e o genocídio em marcha. É preciso organizar e ampliar a mobilização, rumo a uma greve geral sanitária por lockdown já, auxílio emergencial de fato enquanto durar a pandemia, vacina para todos e fora Bolsonaro e Mourão.

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