No último dia 15, o programa de TV do PSTU prestou uma bela homenagem ao povo palestino. Denunciamos a ação genocida de Israel contra Gaza e a comparamos com o extermínio de judeus no Gueto de Varsóvia. Muitas cartas elogiando o programa chegaram ao partido (leia na página 2). Porém, houve também cartas nos atacando e defendendo a ação criminosa de Israel. Gente que não esconde sua ideologia racista-religiosa para defender as atrocidades do sionismo.

Deste episódio uma conclusão deve ser tirada. O massacre promovido por Israel evidencia algo que muito incomoda os defensores do suposto direito da “autodeterminação” israelense: o caráter nazista do Estado de Israel.

Israel é um Estado racista e colonial porque foi criado a partir da ocupação do território da Palestina por uma população transplantada de outros continentes e da expulsão de todo um povo de suas terras e casas. Um Estado armado até os dentes pelos EUA para assegurar seus interesses sobre o petróleo dos árabes.

Um Estado baseado nas idéias sionistas que tem como definição ser o Estado de uma raça, teocrático, constituído em base a um critério religioso. Segundo essa definição a Palestina seria a “terra prometida” por Deus.

Israel foi criado sob o lema de “uma terra sem povo para um povo sem terra”, quando havia um povo lá, o povo palestino, legítimo dono de todo território.
É um Estado baseado na limpeza étnica na definição racista manter uma permanente política de guerra de extermínio para garantir a eliminação de uma raça (os árabes palestinos). Por isso, a definição mais correta para sua natureza é de um Estado nazista.

Essa é a ideologia religiosa que sustenta a expulsão do conjunto da população árabe da Palestina. Uma série de políticos importantes de Israel, como Avigdor Lieberman, defende essa expulsão abertamente. A depuração étnica que visa fazer da Palestina uma região “limpa de árabes” recorda o projeto do nazismo de uma Europa “limpa de judeus”.

Infelizmente, para Israel o extermínio ou a deportação total não são possíveis a curto e médio prazo e chocariam a opinião pública mundial. Da mesma forma como o nazismo percebeu que não era possível liquidar os judeus num só golpe após a ocupação da Polônia, em 1939. Por isso criaram o Gueto de Varsóvia, em outubro de 1940.

Em Gaza, os sionistas fecham as fronteiras marítimas, aéreas e terrestres, cortam o combustível, destroem a infra-estrutura e privam os palestinos de medicamentos e comida.

O nazismo fez o mesmo ao preparar o extermínio dos judeus. Retiraram suas casas e empregos e depois obrigaram os judeus de Varsóvia a se deslocarem ao gueto. Logo os nazistas construíram um muro ao seu redor.

A população do gueto chegava a mais de 380 mil pessoas, 30% da população de Varsóvia. Em contrapartida, ocupava apenas 2,4% do território da cidade.
Em Gaza, vivem cerca de um milhão e meio de pessoas, quase todas sem nenhuma possibilidade de conseguir emprego e praticamente dependentes da ajuda da ONU – isso quando essa ajuda é autorizada a entrar. Como os judeus de Varsóvia, os palestinos foram confinados por um muro e submetidos a um embargo econômico.

Como aponta o jornalista John Brown, “trata-se de eliminar pouco a pouco e na prática uma população sem que por isso possa se falar de genocídio, senão de medidas de ‘segurança´, ‘contra-insurgência´, ‘luta contra o terrorismo´ etc. Tudo isso, naturalmente, no marco do ‘processo de paz´”.

Mas a desculpa da autodefesa também foi utilizada pelos nazistas, que nunca proclamaram sua intenção de exterminar os judeus, mas de apenas estarem se “defendendo” de uma conspiração judaica.

Israel afirma que os palestinos são um povo selvagem, por isso o fracasso dos “acordos de paz” da administração dos seus territórios.

Mas os “acordos de paz” foram apenas uma dissimulação no marco da estratégia colonialista e racista de Israel. E, como aponta novamente John Brown, a colaboração da Autoridade Nacional Palestina com Israel recorda a instrumentalização dos conselhos judeus (Judenrate) pelo nazismo no Gueto de Varsóvia. Os conselhos eram corpos administrativos requeridos pelos nazistas que asseguravam o governo colaboracionista no Gueto. Faziam a intermediação entre nazistas e a comunidade judaica, chegando a providenciar judeus para o trabalho escravo e, posteriormente, para o recrutamento aos campos de extermínio. Seus integrantes foram liquidados quando deixaram de ter serventia aos nazistas.

Levante
No gueto, a morte era questão de tempo. Milhares já tinham sido transportados para o campo de extermínio de Treblinka. Mas houve aqueles que preferiram cair lutando. Em janeiro de 1943, estoura uma insurreição no gueto. A heróica resistência seguiria até abril daquele ano. Estupefatos, os nazistas adotaram uma estratégia para minimizar as baixas. Adotaram bombardeios aéreos e artilharia para enfrentar a resistência. No Gueto de Varsóvia, nenhuma edificação ficou de pé. Após o bombardeio, soldados nazistas utilizaram lança-chamas para liquidar todos os sobreviventes.

Como os nazistas, o exército israelense também tenta minimizar suas baixas. Afinal, como disse o rabino israelense Yaakov Perrin, em 1994, em declaração reproduzida pela Folha de S. Paulo, por ocasião dos funerais de um assassino judeu que massacrou mais de 60 palestinos em Hebron, ele afirmou: “Um milhão de árabes não valem a unha de um único judeu”.

A morte vem primeiro pelo ar em Gaza. Os ataques aéreos precedem a ocupação por terra. A demolição dos edifícios é a tática israelense que denuncia a sua estratégia de limpeza étnica. Os sobreviventes, privados de um teto, são tentados a emigrar.

Na Palestina os soldados israelenses não usam suástica, mas seu exército distribui aos seus oficiais o relatório do general das SS Jürgen Stroop, que comandou a destruição do Gueto de Varsóvia.

Em 2002, um porta-voz do governo israelense, Rahanan Gissen, explicou que a escolha se justificava simplesmente por serem muito semelhantes as condições de combate aos palestinos com as do Gueto. Mais recentemente, em 2008, um vice-ministro israelense, Matan Vilnai, disse que Israel deveria se preparar para infligir um “holocausto” a Gaza.

Israel acusa os palestinos de criarem uma rede de túneis destinados ao contrabando de armas. Os túneis seriam uma prova de uma séria ameaça a Israel. Todavia, o cordão sanitário contra Gaza faz com que esses túneis também sejam a única via para o abastecimento de comida e medicamentos.

No Gueto, a resistência também escavou túneis subterrâneos. Uma vez destruídos, os insurretos utilizaram a rede de esgotos para lutar.
Cercados e totalmente isolados, os combatentes de Varsóvia foram derrotados porque não tiveram auxílio. Rebelaram-se quando ainda havia forças para lutar e preferiram a morte em combate a um campo de extermínio.

Em Gaza, os palestinos lutam com seus morteiros e mísseis artesanais. Mas, diferente dos judeus do Gueto, não estão isolados. Têm o apoio daqueles que lutam contra a opressão o dos povos de todo o mundo árabe, embora seus governos sejam cúmplices do massacre, chegando ao cúmulo de os apunhalarem pelas costas, como o do Egito.

Por outro lado, mesmo tendo o apoio dos imperialismos ianque e europeu, Israel acumula um forte desgaste. O que muitos já percebem é que tragicamente a mesma estrela de David que foi usada pelos nazistas para marcar a opressão e o genocídio racista contra os judeus virou símbolo do genocídio a outro povo, o palestino. A comparação histórica com o Gueto demonstra que os palestinos de Gaza são os herdeiros dos judeus de Varsóvia. E que a suástica virou a Estrela de David.

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