Manifestantes entram em confronto com a polícia em Seul

Do lado de dentro governantes não se entendem; do lado de fora uma única voz: “Stop G20”A reunião do grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia foi marcada pelo impasse nesse primeiro dia de reunião, dia 11 de novembro na capital da Coréia do Sul, Seul. O imbróglio se dá devido à guerra cambial travada pelos países como forma de superar a crise financeira que atinge principalmente as maiores potências do planeta.

A reunião, que termina nesse dia 12, sexta-feira, caminha para um novo fracasso, sem possibilidade de um acordo que resolva as diferenças entre os países. “Neste momento, não há acordo sobre os tipos de câmbio e os desequilíbrios externos”, confessou o presidente sul-coreano e anfitrião do encontro, Yoon-Kiung.

A nova reunião vai repetindo assim a interminável sucessão de encontros e cúpulas dos países durante todo o ano de 2008, que de nada adiantaram em resolver a crise financeira mundial.

Volta do protecionismo
A chamada guerra cambial é o mais novo capítulo da crise. Sem poderem recorrer a barreiras comerciais, no âmbito de uma economia globalizada, os países desvalorizam suas moedas a fim de baratearem seus produtos para exportação. Na prática, funciona como um protecionismo disfarçado.

Nessa guerra desigual, os EUA colocaram recentemente 600 bilhões de dólares no mercado financeiro, desvalorizando a moeda internacional e, por outro lado, valorizando todas as outras. Menos a moeda chinesa, que o governo de Pequim mantém atrelada ao dólar. Os EUA, por sua vez, com déficits crescentes, cobram a valorização da moeda chinesa, e atacam os superávits gigantescos do país oriental, assim como da Alemanha.

Os EUA chegaram a cogitar propor na reunião o limite de 4% para os déficits ou superávits entre os países do G20. As divergências, porém, capitaneadas principalmente pela primeira-ministra alemã Angela Merkel, logo colocaram uma pá de cal nessa ideia. Da mesma forma que a proposta do ministro da Fazenda brasileiro Guido Mantega, de substituir o dólar por uma nova moeda de reserva, composta por uma cesta de moedas. Coincidentemente, essa mesma proposta já havia sido feita pela China no auge da crise financeira.

Sem qualquer tipo de resolução à vista, a reunião do G20 não gera qualquer expectativa e vai se tornando uma vitrine da impotência dos países em conter a crise. O único consenso entre os chefes de Estado parece ser a política de brutais ajustes fiscais implementada, sobretudo na Europa. Enquanto acontecia a reunião do G20, a Grã-Bretanha anunciava uma dura reforma trabalhista.

Protestos
Se na reunião, os chefes de Estado não se entediam entre si, no lado de fora, havia um consenso: “Stop G20”. Era o que diziam as faixas e cartazes carregados pelos manifestantes, que protestavam contra a política de cortes dos países, reformas e ataques aos trabalhadores. Ativistas, trabalhadores e estudantes sul-coreanos e de diversos outros países marcharam pelas ruas de Seul e foram reprimidos ao tentarem ultrapassar a barreira policial.