A luta da classe trabalhadora sempre ecoou nos campos de futebol, inclusive com grandes demonstrações de solidariedade classista e internacionalista. Durante a Guerra Civil Espanhola, os jogadores do Euskady, time do País Basco, e do Barcelona, da Catalunha, viajaram pela Europa e pelas Américas para arrecadar fundos para a causa republicana. Depois da vitória do ditador Franco, foram todos declarados rebeldes pela FIFA!

Numa Ucrânia ocupada pelas botas nazistas, os jogadores do Dínamo, de Kiev, um dos principais times europeus, foram intimados a jogar contra uma equipe alemã. Foram avisados: ‘se ganharem, morrerão!’. Talvez, sentindo-se na final de uma copa que não houve, resolveram ganhar. Os 11 jogadores foram fuzilados após a histórica partida.

O futebol conseguiu também encampar as aspirações das massas populares em diversos outros momentos como quando, em 1974, a seleção da URSS se recusou a jogar a repescagem das eliminatórias com o Chile, por ela estar marcada para o Estádio Nacional, onde milhares de chilenos foram presos e torturados na ditadura de Pinochet.

Em 1978, jogadores se recusaram a participar do mundial na Argentina, por causa da ditadura. Cruyff, da Holanda, e Breittner, da Alemanha, não foram. E, após a final, os holandeses, vice-campeões, recusaram-se a ficar em campo e apertar a mão dos militares.

No Brasil, foi muito importante a participação, por exemplo, de Sócrates, Casagrande e Wladimir, jogadores da Democracia Corintiana, no movimento Diretas Já. Quando foi jogar na Europa, Sócrates teve de escutar a seguinte frase de um cartola de lá: “Não quero jogador que pense”.

Outro exemplo importante, e que serve para afastar todo e qualquer chauvinismo, vem da Argentina. Em dezembro de 2001, diversos jogadores do Boca Juniors e de outras equipes participaram dos protestos e confrontos no centro de Buenos Aires, que derrubaram três presidentes. A politização dos atletas naquele país não é nova. O time Argentinos Júniors (que revelaria Maradona) foi fundado com o nome Mártires de Chicago, em homenagem aos operários anarquistas enforcados no 10 de maio.

Além dos jogadores, o exemplo mais belo de resistência sempre vem das arquibancadas, com as músicas das torcidas e as faixas politizadas lembrando que o futebol sempre foi muito mais que um esporte.
Post author Dirley Santos, do Rio de Janeiro (RJ)
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