Operários queimam carro do sindicato que tenta impedir as mobilizações
Redação

 Miguel Frunzen, de Itaboraí (RJ)

A revolta e a força dos operários do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, em Itaboraí, se expressaram na manhã de 5 de fevereiro numa da pistas de acesso à obra. Há vários dias, o sindicato insistia em não permitir qualquer paralisação ou movimento. As pistas de acesso aos ônibus que transportam os operários eram escoltadas pelo sindicato, viaturas de polícia, capangas armados, comissão de trabalhadores (ligadas à patronal) e muitos P2 “amigos” do sindicato. Se o ônibus parasse e descessem os trabalhadores, seria o suficiente pra que o motim começasse. Isso aconteceu diversas vezes esses anos.

Mas a caldeira aumentava a pressão a cada dia e não adiantava fechar uma válvula. Era necessário abrir outra. As paralisações, ao longo das semanas, começaram a ocorrer dentro das obras da Petrobrás e não nas estradas. Canteiro começou a invadir canteiro. Na Fidens, um inseto encontrado na comida deflagrou um levante. Operários com barras de ferro impediram a produção. Na TUC, o maior canteiro, com 9000 operários, e o pior lugar pra se trabalhar, o eco dos motins chegou com força.
No dia seguinte, meio que cavando a própria cova, o sindicato adotou a mesma postura: orientou a todos a entrar pra trabalhar! No entanto, foi incontrolável. Vários piquetes pela estrada foram montados. O presidente da federação Cutista, Marcão,  apareceu com o carro de som e foi cercado pelo Tsunami de Pião. Começou o confronto entre os capangas do sindicato e os pião. Um pouco machucado, Marcão foi liberado, mas o carro de som não. A piãozada virou o carro que antes de ser incendiado ainda serviu de palanque. Á partir daí nada passava pelo piquete. Os carros da chefia eram apedrejados e chutados. Na madrugada desta quinta-feira, 6 de fevereiro, dois operários foram balaeados.
Já são muitos meses de muita humilhação e exploração. Comida estragada, inseto na comida, bife verde, assédio moral, 50°C ou até 54°C trabalhando sem parar. Muitos desmaiam trabalhando e alguns são demitidos por isso. Tudo isso em plena campanha salarial. Tudo isso e nem deflagramos greve ainda. Tudo isso e é só o começo.