Terminou por volta das 14h desse sábado, 30 de abril, a apuração das eleições para a direção do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro. A vitória da chapa 1 – Independência, Unidade e Luta, com 1.228 votos, mostrou o apoio da categoria à atual gestão do sindicato. A chapa 2 – Uma nova direção, pela unidade nacional – patrocinada pela FUP e pela CUT, teve 1.034. Nulos e brancos foram 23, de um total de 2.291 votantes.

O início da apuração foi bem tenso. A chapa da FUP, percebendo que ia perder, exigiu a impugnação de duas urnas de aposentados, do Rio e de Angra. Na primeira, alegaram que ao prestar o serviço de realização do imposto de renda para a categoria, na sede do sindicato, durante a votação estavam “comprando” votos.

Para tentar ganhar no grito trouxeram até o sindicato líderes de torcidas uniformizadas de futebol, jagunços armados e bate paus.

Mas a Chapa 1 e a diretoria do sindicato lembraram que esse é um trabalho já realizado no ano passado e que não recebeu nenhuma crítica antes. Inclusive, quem marcou a data da eleição, coincidente com a última semana de declaração do imposto de renda, foi a oposição, maioria na comissão eleitoral.

Na de Angra, acusaram o sindicato de estar carregando os eleitores para votar no carro do sindicato, utilizando-se da máquina em benefício de um único grupo.

Os petroleiros da Costa Verde integrantes da chapa 1 explicaram que, quando uma cadeirante foi votar, ela não tinha como ter acesso ao local de votação, daí pegaram o carro apenas para subir com ela. De qualquer forma, o voto dela estava em separado, então não havia justificativa para impugnar uma urna inteira.

A vitória da Chapa 1 ocorreu por que os aposentados têm extrema rejeição à Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os trabalhadores da ativa estão cansados de suas traições. Por isso a chapa 2- CUT/FUP tentou impugnar as urnas dos aposentados tentando retira-los do pleito.

Por volta das 3h da madrugada de sexta para sábado, porém, chegou-se a um consenso, deixando apenas a urna de Angra em separado para uma avaliação posterior.

O Sindipetro-RJ rompeu com a FUP, em um plebiscito, após ela passar a defender junto a gerência da Petrobrás a Repactuação. Nesta eleição, a FUP tentou voltar para aquele sindicato, mas foi novamente derrotada.

A vitória no Rio de Janeiro representa a vitória do sindicalismo independente, que não se vendeu para a gerência da Petrobrás e não baixa a cabeça frente aos ataques do governo aos direitos dos petroleiros. Os petroleiros a nível nacional mantiveram um Sindipetro no campo da luta, em defesa dos interesses dos trabalhadores e dos aposentados e na luta pelo monopólio estatal do petróleo e uma Petrobrás 100% estatal. Mais um passo na construção de uma direção alternativa para a categoria.

FUP frauda eleições na Bahia
Enquanto isso, na Bahia, as eleições que tiveram início há três semana foram fraudadas pela Chapa 2, ligada à direção da FUP/CUT/CTB. Sabendo que iriam perder, resolveram roubá-la utilizando-se de bandidos, jagunços e seguranças contratados.

Para se ter uma idéia do tamanho da fraude, estiveram à frente desse processo Nelson Santos, ex-Secretário de políticas sindicais do Ministério do Trabalho, ligado a José Dirceu, e o Deputado Estadual Rosemberg Pinto, ex-diretor deste sindicato.

“Este grupo invadiu a PrismaPack (empresa localizada no pólo plástico de Camaçari) para impedir a coleta de votos, roubaram urnas, invadiram o sindicato, danificaram listas de votação e promovem todo tipo de truculência”, informou a maioria da diretoria do sindicato.

Antes mesmo de começar o processo eleitoral, realizaram uma assembleia às pressas e sem discussão com os trabalhadores, patrocinada pela direção da Petrobrás, que dividiu o sindicato em sindicato dos petroleiros e do ramo químico.

Mas como tal prática não foi suficiente resolveram impedir a todo custo que fosse expressa a vontade dos petroleiros nas urnas. Com a fraude consumada, novas eleições serão chamadas.

FUP garante vitória em Minas Gerais
Em Minas Gerais, a chapa 1 da FUP ganhou as eleições por 649 (66%) a 333 (33%) da chapa 2. Particularmente na Regap, na ativa o resultado foi 412 (59%) a 285 (41%) para a chapa 1.

Mas a luta dos companheiros de Minas para a construção de uma nova direção continua a nivel nacional

Continua nas eleições a disputa da direção dos petroleiros
A categoria petroleira vem há cerca de 6 anos encarando a construção de uma nova direção sindical. Este embate ficou mais forte após a fundação da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

A ruptura com a direção da FUP, por seu governismo exacerbado, são um processo concreto e objetivo. Isso se dá nas campanhas salariais e nas lutas econômicas do dia a dia, como a luta contra a Repactuação, a imposição da RMNR e nas greves da categoria como a que aconteceu recentemente no Litoral Paulista.

Neste momento, ela passa pelas eleições sindicais. Já houve em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os próximos embates este ano são as eleições do Rio Grande do Sul, dia 5 de maio, no Norte Fluminense de 11 a 31 de maio, em Alagoas e Sergipe em 17 de maio, no Unificado de São Paulo, possivelmente em junho, e novamente na Bahia em julho ou agosto, depois que a FUP fraudou as eleições de abril.

Em todas elas os petroleiros estão forjando sua nova direção, a sua maneira, com suas contradições e construindo seu próprio caminho.