Os trabalhadores nos Correios deliberam neste dia 13 de setembro a deflagração da greve da categoria. Até este momento, todas as assembléias realizadas têm rejeitado as propostas apresentadas pelo governo Lula e a direção dos Correios.

As perdas são de 62% e o piso salarial é de R$ 448,28, com média salarial de R$ 600. No mesmo período em que a categoria acumulou essas perdas, o lucro líquido da empresa foi superior a R$ 4 bilhões. A participação nos lucros e resultados deste ano foi de R$ 140, em compensação o rombo apurado em 252 contratos nos anos de 2003 e 2004 é de R$ 7 bilhões, o que daria mais de R$ 65 mil reais para cada um dos 108 mil trabalhadores dos Correios.

Além da recuperação das perdas salariais e da garantia dos direitos, nesta campanha, também está em jogo a questão do monopólio postal. Está sendo julgada no STF uma ação das empresas privadas que afirma ser inconstitucional o monopólio da União exercido pelos Correios.

A disposição de luta da categoria já foi demonstrada por assembléias massivas, como as realizadas na Praça da Sé em São Paulo, as paralisações em vários estados, como exemplo as de Manaus e Porto Alegre, onde os trabalhadores cruzaram os braços no meio do expediente para fazer um apitaço. Em todo o Nordeste, a mobilização é forte, como ocorre em Pernambuco e na Paraíba, em que a luta não se restringe à capital ou região metropolitana, mas também no interior, como em Caruaru e Campina Grande.

Se os trabalhadores não vacilaram em nenhum momento da campanha, a maioria das direções do movimento ligada à CUT, ao PT e PCdoB, tentam permanentemente sabotar, com o argumento de que “a greve, na atual conjuntura será extremamente prejudicial à estabilidade do governo Lula”, subordinando os interesses dos trabalhadores ao seu apoio ao governo.

Como parte dessa lógica, os membros do Comando de Negociação, ligados à Articulação Sindical, do PT, “Trabuco”, de São Paulo e “Janjão”, do Rio de Janeiro, entregaram uma contraproposta rebaixada ao ministro das Comunicações. Essa traição provocou a expulsão desses pelegos do Comando pela assembléia dos funcionários de Pernambuco. Uma reunião ampliada do Comando e sindicatos referendou a medida e o afastamento definitivo deve ser aprovado nas assembléias do dia 13.

Nos Correios, a corrupção não ocorre só pela fraude em contratos e o mensalão dos deputados, mas também na cooptação de dirigentes sindicais por meio de seus “mensalinhos”. Com a posse de Lula, mais de 150 dirigentes sindicais em todo país renunciaram a seus mandatos para assumir cargos de direção nos Correios, deixando de ganhar R$ 600 para ganhar até R$ 11 mil. Por isso, na maioria das assembléias, a CUT nem aparece e, quando tenta falar, é vaiada, como ocorreu no Rio de Janeiro.

Essa realidade coloca a necessidade de que os trabalhadores controlem os Correios, com eleições diretas e mandatos revogáveis, para todos os níveis de chefia, desde as imediatas até o presidente da empresa.

Só mesmo a disposição de luta da categoria justifica, mesmo contra a vontade da maioria das direções sindicais, a greve ter se consolidado e, na véspera do dia 13, que os trabalhadores sigam dispostos a paralisar o tráfego postal e telegráfico do país, em defesa de suas reivindicações. Nessa greve, os militantes do PSTU, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, se fazem presentes.

Post author Ezequiel Filho, de São Paulo (SP)
Publication Date