Os servidores do Banco Central (BC) realizaram nesta quarta, 8 de fevereiro, uma paralisação de 24 horas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Recife, atingindo cerca de 80% de adesão. A paralisação foi aprovada nas diversas assembléias realizadas no dia 7, devido ao fato de o governo não ter cumprido o acordo firmado em 20 de outubro de 2005 com a categoria, após 33 dias de greve nacional.

O acordo previa um reajuste linear, a partir de 1º de fevereiro de 2006, de 7,5% sobre os vencimentos básicos de outubro de 2005 e complemento de 2,5% em 1º de junho de 2006, de forma a complementar 10% de elevação sobre as tabelas vigentes em outubro de 2005. Além disso, o acordo previa a cobertura no déficit do Programa de Assistência Médica. No dia 1º, entretanto, não veio nenhum reajuste e isso está mobilizando a categoria novamente.

De acordo com a funcionária do BC Rosângela Botelho da Costa, “esse acordo foi algo muito importante que a nossa greve conseguiu arrancar, pois é reajuste linear, algo que nós vamos levar pro túmulo, que ninguém tira. Para uma categoria que tem hoje grande parte do salário em gratificações, isso foi uma grande vitória, que nós precisamos garantir”.

No dia 6 de fevereiro, em reunião com Luis Alberto Santos e Edison Silveira Collares, assessores da Casa Civil, os dirigentes do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) foram informados que o acordo nem chegou à Casa Civil e que desconheciam o conteúdo do mesmo. Os assessores também disseram que o montante de recursos necessários para conceder os reajustes já prometidos ao funcionalismo, incluindo o Banco Central, e para as negociações em andamento é muito superior à previsão orçamentária, e que, portanto, não há prazo previsto para o envio do PL ao Congresso Nacional.

Diante das negativas, as assembléias do dia 7 aprovaram um calendário de luta. Após essa primeira greve de 24 horas, haverá agora novas assembléias no dia 14, nas quais se discutirá o indicativo de greve de 48 horas para os dias 15 e 16. O diretor de estudos técnicos do Sinal, Daro Marcos Piffer, afirmou que há uma disposição da categoria de retomar a greve por tempo indeterminado. Segundo Daro, “o caminho vai ser esse, caso o governo não cumpra o acordo. A idéia é fazer uma paralisação de 48 horas na semana que vem, uma de 72 horas na semana seguinte e, se não houver o cumprimento do acordo, uma greve por tempo indeterminado após o carnaval”.

O Banco Central não é um caso isolado. Outros acordos fechados no ano passado, com setores como Ciência e Tecnologia (CNEN e IBGE), a Saúde e as Escolas Federais também não estão sendo cumpridos pelo governo. Sobre isso, o diretor do Sinal disse que “estamos começando a conversar com esses outros setores e há uma grande possibilidade de fazer um calendário de luta conjunto”.