Sob orientação do comando dos empregados e da Contraf-CUT, a maioria dos funcionários da Caixa decide voltar ao trabalho; seis capitais continuam paradasUtilizando os mesmos argumentos da empresa de que este era o limite, em negociação na noite do dia 20, a direção da Caixa apresentou a proposta que prevê o pagamento de um abono salarial de R$ 700 a ser creditado até o dia 20 de janeiro de 2010, prontamente aceita pelo comando.

A greve que completava o vigésimo oitavo dia lutava por questões urgentes como a isonomia de direitos de ATS com 1% e licença-prêmio para todos, regras claras sobre o PCF (Plano de Cargos e Funções) com jornada de seis horas sem rebaixamento de salário, reposição das perdas salariais e não punição dos empregados com a anistia dos dias de greve.

Mesmo com a greve seguindo forte em todo o país e o TST declarando que o movimento não era abusivo, a Contraf e o comando defenderam a aceitação da proposta e enterraram a paralisação.

O movimento e a disposição da base eram nitidamente contra o fim da greve, tanto que seis capitais (Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Porto Alegre e os estados de Goiás e Tocantins) continuam paradas e, em assembleias como as de SP e Brasília, os sindicatos precisaram se apoiar nos gerentes e fura-greves para aprovar o acordo. Relatos de vários locais deixam claro a contrariedade à proposta.

Em assembleia no Sindicato do Maranhão, a nova proposta da Caixa foi reprovada pela maioria dos empregados do banco. No entanto, considerando a decisão das assembléias em âmbito nacional pela aprovação, todos os empregados retornaram ao trabalho hoje.

“Também rejeitaram a proposta as assembléias de Bauru (SP), Rio de Janeiro, Tocantins, Rio Grande do Sul, Pará Goiás, Rio Grande do Norte e Sergipe. Na avaliação da direção do Sindicato dos Bancários do Maranhão, houve avanço quando o banco assume que vai aumentar o número de contratação, mas as cláusulas econômicas estão muito aquém do que o banco poderia oferecer e, mais, que a greve obrigou o banco a melhorar suas ofertas – o que demonstra que a resistência dos trabalhadores poderia arrancar muito mais”, afirma a diretoria da entidade.

Os bancários da Caixa no RN voltam ao trabalho a partir desta quinta-feira. A assembleia da categoria decidiu rejeitar a proposta apresentada pela empresa, mas seguir o resultado da maioria das bases que, no caso, aprovaram a volta ao trabalho. Foram 28 dias de uma greve forte que, segundo o coordenador-geral do Sindicato, Liceu Carvalho, expôs a verdadeira face do governo Lula e, mais uma vez, da Contraf/CUT, entidade que insiste em fazer o papel duplo de dirigir o movimento e andar de braços dados com o governo.

“Toda greve traz muitas lições e com essa não seria diferente. Tiramos a lição da solidariedade, mas acima de tudo das contradições do governo lula, que se mostrou de novo a serviço dos banqueiros e dos latifundiários. A greve serviu para que os bancários da Caixa aprofundassem essa visão. Quanto à Contraf/CUT, está mais do que clara a posição nefasta de trair o movimento dessa confederação que não defende o trabalhador”, afirmou.

Em assembleia na tarde desta quarta-feira, em Bauru/SP os bancários da Caixa Federal rejeitaram a proposta absurda de índice de 6% e abono de R$ 700 e decidiram submeter à da decisão das outras bases sindicais sobre a continuidade ou não da greve.

“A greve aqui no Rio continua, pelo menos até sexta feira, à espera da conciliação no TST, ou proposta melhorada da Caixa. A direção do sindicato votou pelo fim da greve junta, com a intersindical e a CTB fazendo críticas, mas alegando o isolamento, etc. A votação na assembleia foi apertada 314 a 312, com uma abstenção, a ampla maioria de gerentes votando pelo fim da greve”, relata Octacílio da Oposição Bancária do RJ.

“A greve continua no Pará e Amapá. Na primeira votação, houve empate, 28 a 28. Na segunda votação, a proposta de fim da greve teve 25 votos e se interrompeu a votação e o sindicato propôs nova forma de contar os votos. Aí deu 26 votos contra a greve e 30 pela continuidade. O detalhe é que não houve defesa da continuidade da greve, ou seja a DS que dirige o sindicato, perdeu para ela mesma” conta Norma, funcionária da CEF e ativista do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB).

“Ficou visível que a base queria continuar em greve no Piauí. Vários dos colegas que votaram pelo fim da greve, ao final da assembleia, me disseram que votaram porque não queriam ficar sozinhos na greve, que a Caixa, na mesa, dissera que esse era o limite dela, que se fôssemos para o julgamento poderíamos perder outras cláusulas sociais, que essa era uma saída honrosa, mas que queriam mesmo era manter a greve, pois tínhamos condições de melhorar a proposta se estivéssemos unidos em nível nacional. Como SP, Brasília, BH e outras bases já haviam aceito, não tínhamos outra saída a não ser retornar ao trabalho”, declara Solimar do MNOB do Piauí.

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