O funcionalismo público do Rio de Janeiro se levantou para dar uma resposta aos ataques que vem sofrendo. Mais de dois meses de atrasos de salários, de planos de ataque à aposentadoria dos funcionários públicos e aumento da contribuição dos funcionários da ativa, de agressiva precarização da saúde e da educação e demissões em massa de terceirizados nas prefeituras e no estado.

Nesse dia 1º, os professores e os técnicos administrativos da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) decidiram entrar em greve a partir da próxima segunda-feira. Neste dia 2 foi a vez dos profissionais da educação (professores e funcionários do ensino fundamental, médio e tecnológico) do estado. As fotos são da assembleia histórica realizada na Fundição Progresso, na Lapa, Centro do Rio, na manhã desta quarta-feira (02). Mais de três mil trabalhadores da educação decidiram os próximos passos da paralisação, que tem como objetivos principais o reajuste salarial, as propostas de mudança no sistema previdenciário dos servidores estaduais, retorno do calendário anterior de pagamentos, fim do parcelamento de salários e pagamento integral do décimo terceiro.

Na tarde desta quarta (02), mais de 10 mil pessoas realizaram um protesto que partiu da Alerj e seguiu até a Cinelândia. Outras categorias do funcionalismo estadual carioca também estão avaliando a possibilidade de cruzar os braços por tempo indeterminado. Caminhamos para uma greve geral no estado do Rio de Janeiro!

Não tem arrego! Resistência apesar das ameaças
A Seeduc (Secretaria de Estado de Educação) lamentou a decisão da greve e afirmou que essa atitude, no atual e conhecido difícil momento econômico do estado, somente prejudica os alunos dos professores que aderirem. Os trabalhadores que paralisarem suas atividades nesta quarta-feira (2) receberão código 61, que significa falta por motivo de greve.

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), também parece debochar da categoria quando declarou que está se esforçando para garantir o pagamento dos servidores públicos ativos e inativos: “Acho que não é o momento de se declarar a greve. Todos os Estados, o país passa por um momento muito difícil. Eu tenho feito um esforço imenso para manter os compromissos do funcionalismo em dia.”

Os trabalhadores não vão pagar a conta da crise! Nem a conta das Olimpíadas!
O dinheiro que o governo do Rio de Janeiro está arrecadando está sendo gasto para dar lucro para empresas envolvidas nas obras faraônicas das Olimpíadas. E querem que os estudantes e trabalhadores paguem a conta.

Segundo Gibran Jordão, dirigente da CSP-Conlutas, “faltam recursos para a educação, para a saúde, para o salário, porque sobra para a dívida, sobra para subsídios aos empresários, jorra dinheiro para as Olimpíadas e para os privilégios dos políticos. Para que esta mobilização possa dar a batalha até o final contra os ajustes do Pezão, a greve deve seguir a lição que os garis deixaram em 2014, que é confiar nas próprias forças e mostrar que não ter arrego. Estamos apenas começando.”

Alegando “crise”, Pezão escolheu cortar agressivamente da saúde, exigir que cada funcionário público contribua com 14% de seus salários para as aposentadorias no lugar dos 11% para honrar a dívida com o governo federal e banqueiros internacionais. Só em pagamento da dívida, o governo prevê gastar R$ 8,5 bilhões, ou seja, 13,82% do orçamento. Esta parte do orçamento não mexem de jeito nenhum! Só nesta dívida gastam muito mais do que o que está previsto gastar na saúde (R$ 6,6 bilhões) e na educação (R$ 5,4 bilhões).

Se a dívida não fosse paga não só não precisaria ocorrer cortes na saúde, na educação, como os recursos poderiam aumentar!

Sem falar na isenção fiscal às empresas. A Light, por exemplo, ganhou uma isenção de R$ 85 milhões por fornecer alguns geradores para as Olimpíadas, em troca não pagará este valor em impostos e ainda poderá ter ganho publicitário no evento. Um absurdo!

Unificar as lutas do Rio de Janeiro e preparar a greve geral
O Rio de Janeiro está apontando o caminho, o movimento grevista deve crescer e incorporar outras categorias, como os servidores da saúde, os serventuários da justiça, policiais civis e militares.

Esta luta do funcionalismo público, com centro na educação, está despertando também os estudantes que já organizaram atos em várias escolas e cidades e tem dezenas de atos marcados para os próximos dias. O apoio aos professores e a defesa da educação ao mesmo tempo que levantam reivindicações próprias sobre infra-estrutura nas escolas, entre outras, também fortalece os professores em sua greve.

Calendário de Lutas:
3 a 7 de março:
Tiradas de Comandos Locais, Corridas, Atos e Reuniões de Pais
8 de março: Grande Ato das Mulheres – Indicativo de Atos nos Núcleos
10 de março: Conselho Deliberativo- Comando de Greve
11 de março: Assembleia Geral com Ato no Centro do Rio
14 e 15 de março: Mobilizações Locais
16 de março: Assembleia Unificada da Educação e ida ao Palácio Guanabara