Ato em Paris nesta quarta, dia 14

Governo de Sarkozy tem o seu primeiro grande embate com os trabalhadoresMais uma vez, os trabalhadores e estudantes da França dão um exemplo de combatividade perante os ataques neoliberais. Funcionários públicos franceses, encabeçados pelos trabalhadores dos serviços de transporte público, entraram em greve por tempo indeterminado contra a reforma da Previdência imposta pelo presidente do país, o direitista Nicolas Sarkozy. Ferroviários, metroviários e motoristas de ônibus cruzaram os braços por tempo indeterminado.

Os trabalhadores das estatais de gás e eletricitários engrossaram as mobilizações. A paralisação, que se iniciou na noite do dia 13 de novembro, interrompeu a maior parte do transporte público do país. De acordo com a CNN, 80% dos vôos que passam pelo país foram cancelados. A reforma prevê o fim do regime especial de aposentadoria que certos setores do serviço público têm direito. Tal regime permite a aposentadoria a partir dos 37,5 anos de contribuição. O projeto de Sarkozy amplia esse tempo para 40 anos. A reforma atingiria cerca de um milhão e meio de pessoas.

Os trabalhadores franceses já haviam realizado uma paralisação contra o projeto no dia 18 de outubro. No entanto, dessa vez a greve é por tempo indeterminado e vem recebendo o amplo apoio de diversos setores. Em Paris, uma manifestação contra a reforma reuniu cerca de 25 mil pessoas. A direção da SNFC, companhia ferroviária, reconhece que 61,5% de seus funcionários cruzaram os braços. A RATP, empresa de metrô, afirma que a paralisação chega a 44%.

As mobilizações na França devem se ampliar nos próximos dias. Além da greve dos estudantes universitários, que vem se unificando à dos servidores, demais setores do funcionalismo ameaçam greve a partir do próximo dia 20, contra o fim de postos de trabalho. A jornada do dia 20 não se limita, porém, ao setor público. Os trabalhadores da França Telecom e da construção e obras públicas também convocam greve.

Estudantes entram em cena
A mobilização dos estudantes franceses unifica-se com a greve dos servidores, impulsionando uma forte luta contra o governo e seus ataques. Após a vitória contra o CPE, os estudantes se mobilizam contra a chamada “lei Pécresse”, referente à ministra do ensino superior, Valérie Pécresse. A lei confere autonomia administrativa e financeira às universidades, obrigando as instituições de ensino buscarem recursos junto ao mercado.

Desta forma, assim como no Brasil, a “reforma universitária” do governo Sarkozy, avança na privatização das universidades. Estudantes bloquearam a entrada a 37 campi. No dia 14, os estudantes se somaram às manifestações dos funcionários públicos. “Perante os ataques, defendam a fac (faculdade)”, gritavam.

Unificar a luta!
Este é o chamado que a Grupo Socialista Internacionalista, seção francesa da LIT-QI, faz aos trabalhadores do país, rumo a uma greve geral contra o governo Sarkozy. “Não há nada a negociar”, afirma o comunicado do grupo, que acusa as direções sindicais, ligadas ao PS e ao PC, de imporem negociações rebaixadas junto ao governo, considerando como “inevitáveis” os ataques às aposentadorias.

“Em 2006 foi a pressão dos jovens e trabalhadores que, unidos, impuseram a unidade às direções sindicais, obrigando o governo a recuar. Atualmente as condições estão maduras para que a classe trabalhadora se organize para combater os planos do governo. É por isso que chamamos desde hoje a que todos os jovens e trabalhadores se mobilizem unidos para criar as condições de uma greve geral”, afirma o comunicado do GSI.

  • Leia no portal da LIT-QI a declaração da GSI (em espanhol)