Redação

Os trabalhadores franceses fizeram uma Greve Geral e foram às ruas nessa terça-feira, dia 12, contra a reforma trabalhista do governo Macron que flexibiliza os contratos de trabalho e facilita as demissões. Segundo as centrais que organizaram a jornada de lutas, cerca de 400 mil pessoas protestaram contra os ataques do governo francês em todo o país.

A mobilização retoma o processo de lutas contra os ataques aos direitos trabalhistas que o então governo Hollande tentou impor em março de 2016. O recém-eleito presidente Emannuel Macron tenta agora se aproveitar do início de seu mandato para impor a reforma. Para isso, utiliza-se de um dispositivo legislativo que prescinde de debates e emendas no parlamento, promovendo uma espécie de aprovação expressa. Macron pretende impor as medidas já no final de setembro.

Como se não bastasse a medida autoritária, Macron ainda atacou os trabalhadores contrários à reforma chamando-os de “preguiçosos” (fainéants). O xingamento acabou sendo usado de forma irônica pelos manifestantes, que empunharam cartazes escritos “Prequiçosos em greve”, “Preguiçosos do mundo, uni-vos”, ou “Macron, você está ferrado, os preguiçosos estão nas ruas”.

No total, cerca de 180 marchas ocorreram em várias partes do país, e greve em 4 mil empresas, afetando sobretudo os transportes.  “Vamos perder tudo aquilo que nossos antepassados conquistaram, essa lei foi feito pelos patrões e para os patrões“, afirmou uma enfermeira aposentada à imprensa.

Assim como aconteceu no Brasil na Greve Geraldo dia 28 de abril, a imprensa e o governo francês também tentaram minimizar o impacto da jornada de lutas.

Mesmos ataques daqui
A reforma trabalhista do governo Macron fixa um teto para as indenizações por demissão, até agora decidido pela Justiça. Facilita as demissões pelas multinacionais em caso de crise, e também abre espaço para os acordos por empresas em questões como jornada de trabalho e remuneração. Nas empresas com menos de 50 funcionários, não vai ser preciso que a negociação passe pelos sindicatos. É uma flexibilização que vai na mesma lógica do “negociado sobre o legislado” que por aqui virou um mantra entoado por empresários e políticos picaretas.

Qualquer semelhança com o Brasil e a reforma trabalhista de Temer não é mesmo mera coincidência. É a receita da cartilha dos capitalistas para jogar o custo da crise nas costas dos trabalhadores, aumentando a exploração para manter os lucros dos grandes empresários e multinacionais. Assim como aqui o governo Temer rasga a CLT, na França o governo Macron continua a política de Hollande para desmontar o Código de Trabalho, de 1910.

Assim como no Brasil, porém, a classe trabalhadora francesa mostra grande disposição de luta. Já está marcada uma nova Greve Geral para o próximo dia 21 de setembro. Falta marcar uma data por aqui.