Governo dos EUA quer rebaixar salários e direitos dos trabalhadoresFracassou o pacote bilionário de ajuda às montadoras norte-americanas. Após ser aprovado pela Câmara dos Representantes, o equivalente à câmara dos deputados nos EUA, o pacote de ajuda às montadoras foi negado pelo Senado na noite desse dia 11. A General Motors, a Ford e a Chrysler contavam com a aprovação do pacote de 14 bilhões de dólares em empréstimo para escaparem da falência.

O acordo para a aprovação do pacote havia sido costurado com as lideranças do Partido Democrata. No Senado, porém, os republicanos têm maioria e já haviam expressado o desacordo com a ajuda. O ponto considerado decisivo para o fracasso das negociações foi a exigência da redução imediata dos salários dos funcionários da indústria automobilística. O objetivo era rebaixar os salários para aproximá-los dos trabalhadores estrangeiros, como os da América Latina.

Os senadores rejeitaram o projeto mesmo com o compromisso de as montadoras promoverem uma profunda reestruturação, enxugando a produção e realizando um brutal corte de empregos e salários. O acordo aprovado pela câmara previa a nomeação de uma autoridade para fiscalizar a reestruturação nas empresas, apelidado de “czar” do automóvel.

Crise se aprofunda
O resultado no Senado é mais uma evidência da crise política do final da era Bush, que se soma à crise econômica. Sem financiamento público, a falência das três maiores montadoras dos EUA é iminente. O setor automobilístico emprega no país, direta e indiretamente, algo como 3 milhões de trabalhadores.

A GM, a maior das montadoras, é quem vive a situação mais dramática. A empresa tem despesas de 11 bilhões de dólares para manter seu funcionamento diário, mas apenas 16 bilhões em caixa. Só em 2008 a montadora sofreu uma queda de 90% no valor de suas ações. Tão logo o pacote foi rejeitado, a empresa anunciou a paralisação de 30% da produção na América do Norte. Os executivos já contrataram analistas para avaliar o resultado de um provável pedido de concordata.

Com o fracasso do pacote, o governo Bush estuda agora usar parte dos 700 bilhões do plano de ajuda ao mercado financeiro. A crise, porém, está longe de terminar.