O Fórum Social Mundial (FSM) continua sendo um espaço que aglutina centenas de organizações sociais e milhares de ativistas de diversos países e ideologias. O FSM sempre foi dirigido e organizado pelo PT e pela juventude do PCdoB (UJS). Desta vez, é a própria governadora Ana Júlia (PT), quem investirá pesado no evento.

As obras em volta do acampamento da juventude já começaram. O acampamento será em duas universidades: Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Elas são cercadas pelo Rio Guamá e por duas grandes periferias, Terra-Firme e Guamá. Por esse motivo, uma fileira de 110 casas, inicialmente, foram compradas e derrubadas para alargar a rua em torno do acampamento. Em seguida, porém, derrubaram muito mais delas.

O governo está comprando as casas por R$ 3 mil, R$ 1.800 e até por R$ 500. Além de valores irrisórios, os moradores não tem direito a um alojamento provisório nem prorrogação dos prazos. Isso os coloca numa situação a caminho da indigência. Após a assinatura do morador, ele espera por um dia improvável em que a migalha cairá em sua conta. Após isso, lhe restam apenas cinco dias para sair. Caso não saia, as autoridades competentes o despejam a força.

Os que se recusam a assinar, recebem intimações judiciais e visitas de advogados com policiais em tom ameaçador. Os moradores disseram que as mulheres são as mais pressionadas. Segundo eles, o governo alega que se trata de uma área de invasão e diz que as pessoas não tem direito a nada. É isso que o governo chamado de popular e democrático do PT pensa sobre as ocupações urbanas e populares?

As primeiras casas derrubadas foram compradas por preços bem melhores. Aparentemente, o objetivo do governo era isolar as casas restantes e forçar os moradores a aceitarem quantias irrisórias. Outra tática importante do governo foi a de começar as demolições durante as férias da UFPA para evitar prováveis atritos com o movimento estudantil. No ano passado, os ativistas ocuparam a reitoria daquela universidade e, certamente, apoiariam os habitantes.

Muitos moradores já perderam seus empregos devido aos abalos psicológicos. O clima de depressão é geral. Ficamos sabendo de uma senhora de 83 anos, conhecida como a “mãezona” da vizinhança, que foi despejada. Ela vivia da solidariedade da comunidade. O governo garantiu que seria pago um aluguel a ela até que encontrasse outra casa morar. A última notícia que tivemos foi de que está morando de favor num lugar distante. O dinheiro do aluguel nunca chegou.

A Organização do FSM alega que não tem nada que ver com o problema e que são obras do governo não-ligadas ao Fórum. Já é bastante contraditório que digam isso de um governo que eles mesmos apóiam. Fomos conferir com o órgão responsável pela obra, a COHAB, e ouvimos que “as obras não tem a ver com o Fórum Social Mundial mas, temos ordens para aprontar essa primeira etapa de remanejamento desse pessoal até janeiro, para que seja estreado durante o evento”.

Agora fica mais claro porque tamanha truculência e pressa nesse projeto. Tudo em nome de “um outro mundo possível”.