Nos dias 29, 30 de novembro e 1° de dezembro será realizado em Porto Alegre (RS) o Fórum Social Mundial Palestina Livre. Delegações de 36 países dos cinco continentes já se inscreveram para o Fórum, tornando o evento o maior encontro de solidariedade e de movimentos pró-palestinos.

Não há dúvidas de que o Fórum ocorre num momento muito especial. A luta do povo palestino ganha força na medida em que avançam as revoluções no Norte da África e Oriente Médio. Por outro lado, é cada vez maior a percepção das atrocidades do Estado de Israel contra os palestinos que se repetem a cada dia. Um exemplo foi o ataque realizado no último dia 11, quando pelo menos seis palestinos morreram e mais de 30 ficaram feridos após uma ofensiva do Exército de Israel na faixa de Gaza.

Ao mesmo tempo em que a luta palestina se fortalece, surgem novos setores que, negando à capitulação da direção da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) aos acordos de Oslo, revigora a luta pela construção de uma Palestina, laica, livre e democrática.

Por outro lado, o Brasil é um país chave nessa luta. Em 2008, Lula assinou o acordo de livre comércio entre Israel e o Mercosul. Este acordo transformou o Brasil em um dos cinco principais parceiros da indústria militar israelense e porta de entrada dessa indústria na América Latina. Além disso, existe a perspectiva de que grupos israelenses de segurança atuem durante a Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016.

Uma das grandes indústrias de armamentos de Israel, a Elbit Systems, assinou contratos de cooperação com as Forças Armadas brasileiras. A Elbit é uma das maiores empresas privadas de tecnologia militar, responsável pela instalação de aparelhos no Muro do Apartheid em torno de Jerusalém e do fornecimento de uma variedade de equipamentos para a Marinha e a Força Aérea.

Uma de suas subsidiárias, a AEL Sistemas, formou uma joint venture com a Embraer para produzir sistemas de aeronaves não tripuladas de uso militar. Esse sistema é conhecido como Harpia Sistemas, que é sediado em Brasília, da qual a Embraer Defesa e Segurança detém 51%, o restante pertence à AEL.

Apesar dos discursos em nome da “paz”, os governos do PT realizaram acordos comerciais que fortalecem a indústria de armamento israelense. Ou seja, as guerras, ocupação e colonização israelenses continuam a ser um negócio pra lá de lucrativo.

Por tudo isso, muitos defensores da causa palestina lutam para que o Brasil rompa os acordos comerciais e militares com Israel. Para o PSTU, essa é a principal tarefa deste fórum. Não é possível aceitar que a presidenta Dilma faça discursos a favor dos palestinos na ONU enquanto compra armas e tecnologias israelenses que são desenvolvidas contra o povo palestino. Essa batalha se expressará em todo o fórum, a começar pela passeata de abertura no dia 29 no centro de Porto Alegre até a assembleia de movimentos sociais a se realizar no sábado à tarde.

Por fim, será muito importante a oficina que será realizada para discutir a importância das revoluções no mundo árabe na luta palestina, em particular a revolução síria que enfrenta o ditador Bashar El Assad.