O I Congresso da CSP-Conlutas foi uma importante vitória da oposição de esquerda ao governo e dos movimentos sindical, estudantil e popular. Foi um congresso dos lutadores, uma expressão do melhor da vanguarda das lutas do país. Quando os operários de Belo Monte e do Comperj entraram em greve tiveram a CSP-Conlutas como apoio contra os pelegos e a repressão. O funcionalismo enfrenta o governo Dilma com apoio da CSP-Conlutas. Quando Alckmin invadiu o Pinheirinho enfrentou a resistência da CSP-Conlutas. Isso se repete em centenas de greves, ocupações e mobilizações estudantis pelo país.

A CSP-Conlutas é uma organização minoritária. Mas é a principal conquista da reorganização do movimento de massas nos anos dos governos Lula e Dilma. Nenhuma das outras alternativas se firmou, como os setores que romperam no Conclat. Alguns de seus sindicatos mais representativos vieram como observadores ao congresso e podem se integrar à central.

O congresso confirmou a democracia operária como funcionamento. As polêmicas expressaram uma central viva, na qual os debates são bem vindos. Um dado demonstra esse fato. Na apresentação das teses, a maior expressão da democracia na central, foi dado tempo igual a todas as teses. As posições que defendiam uma mudança no nome da central –uma das principais polêmicas- tiveram uma porcentagem de tempo mais de duas vezes superior aos votos em suas propostas.

O caráter popular e estudantil, não só sindical, confirmou uma nova perspectiva para a história das centrais no país. O peso social do movimento do Pinheirinho e das outras mobilizações populares, do MTST e MTL, da ANEL, dos movimentos contra a opressão como o Quilombo Raça e Classe e o Movimento Mulheres em Luta, enriqueceram a compreensão política e as respostas da central.

Vai no mesmo sentido a presença de organizações sindicais de todo o mundo e a de uma Reunião Internacional com cerca de 20 países logo a seguir ao congresso, organizado pela CSP-Conlutas e a organização Solidaires, da França. Essa reunião deve aprovar a proposta de uma rede sindical internacional.

O caráter minoritário da central tem uma explicação na situação da luta de classes. Ainda existe uma situação não revolucionária, na qual prevalece o apoio majoritário ao governo. Mas essa situação não vai perdurar para sempre.

O governo segue majoritário…mas
Aparentemente tudo vai bem com o governo Dilma. As últimas pesquisas indicam um recorde de apoio popular entre todos os presidentes até agora avaliados nesse período de mandato, inclusive Lula. A economia segue crescendo e a CUT, a Força Sindical e a CTB continuam controlando o movimento de massas. Os grandes eventos da Copa e Olimpíada vão render prestígio e investimentos de cerca de 22 bilhões de dólares. Por último, é bem provável que o governo consiga vitórias importantes nas eleições de outubro.

No entanto, na realidade atual já se combinam elementos que indicam uma realidade mais complexa para o futuro.

Em primeiro lugar, a crise internacional começa a afetar o país. Não se dá de forma aguda como em 2008-2009, quando uma recessão internacional levou o país também a recessão. Mas a recessão europeia é um elemento de qualidade na situação mundial, que limita duplamente a economia brasileira. Faz cair as exportações diretas ao continente europeu. Por outro lado, a economia chinesa é afetada pela recessão europeia, já está também em desaceleração, e isso afeta as exportações brasileiras. A economia está desacelerando, e a indústria de transformação tem sinais de estagnação.

O Brasil não está em recessão, e é provável que siga assim por todo esse ano. Mas se existe um ponto de interrogação na evolução da crise mundial, essa dúvida também se estende ao Brasil.

Dilma quer evitar que a recessão atinja o país em seu mandato. Em todas as categorias se amplia a dureza contra os reajustes salariais, com o argumento da crise. No que toca ao funcionalismo federal, o governo quer impor o reajuste zero, e privatizou parcialmente sua Previdência. Por outro lado, já fez cortes sociais importantes no orçamento.

Em segundo lugar, estão as medidas econômicas, que inclui agora com destaque a redução da taxa de juros nos bancos oficiais e o atrito com os bancos privados. Essa é uma medida limitada, porque o objetivo do governo segue sendo manter uma taxa de juros alta, ainda que menor do que a atual. Mas não se trata apenas de uma jogada política, como alguns analistas indicam. É parte da resposta ao cenário adverso internacional que está se armando. E pode levar a conflitos no interior das classes dominantes.

Está surgindo uma nova direção…
O congresso da CSP Conlutas apontou um plano de lutas que inclui o apoio as greves, uma manifestação durante o evento Rio+20, e unificação das campanhas salariais no segundo semestre.

Isso corresponde a estratégia de fortalecimento da CSP-Conlutas perante a situação atual da luta de classes, na disputa da direção dos conflitos. A continuidade da reorganização ao redor da central, com a entrada de novos setores, fortalece essa perspectiva.

O fortalecimento da CSP-Conlutas – com seu congresso, um plano de lutas e a aproximação de novos setores – é também um acúmulo muito importante para um futuro momento, no caso de uma mudança na situação do país, como produto do ascenso e da crise econômica.