Todos ao CongressoNa última reunião da Coordenação Nacional da Conlutas, realizada nos dias 8 e 9 de junho, vários temas polêmicos foram discutidos. Entre eles, a natureza de governos da América Latina como o de Hugo Chávez, na Venezuela, ou de Evo Morales, na Bolívia. Alguns setores, como o MTL, chegaram a lançar um manifesto criticando a realização do Elac por conta dessa polêmica, colocando em risco a própria unidade da Conlutas caso o encontro ocorresse.

Após um produtivo e democrático debate, chegou-se a uma proposta de resolução comum sobre a realização do encontro. O MTL, no entanto, votou contra a própria resolução que ajudara a redigir. Pouco tempo depois, sua direção anunciou a decisão de romper com a Conlutas.

No dia 13, o Grupo de Trabalho de Secretaria da Conlutas e vários representantes de entidades e movimentos estiveram reunidos para redigirem uma resposta a essa atitude. Leia a seguir os principais trechos da nota divulgada pela Conlutas.

1 – Desde o início da construção da Conlutas e, de forma mais intensa depois do Congresso de 2006 que a transformou em uma Central de trabalhadores de caráter sindical e popular, nossa organização tem feito tudo que está ao seu alcance para viabilizar a unidade de todos os setores que estão na luta da classe trabalhadora (…).

2 – Este esforço pela unidade e a busca constante de respostas às necessidades concretas da classe trabalhadora e da juventude, é o que possibilitou que a Conlutas se constituísse como principal pólo de aglutinação das forças que estão em luta pela reorganização dos trabalhadores, em curso no país. É isto que dá a ela condições privilegiadas para seguir a luta pela unidade, neste momento em que setores da Intersindical sinalizam a disposição para um debate político que nos permita avançar na superação da fragmentação que ainda prevalece. Em todo este processo o MTL foi parte constitutiva deste esforço.

3 – O 1º Congresso Nacional da nossa organização será, sem dúvida, um momento importante deste processo. (…) E é neste momento que o MTL anuncia o seu afastamento.

4 – A decisão dos companheiros é inexplicável. Ela foi anunciada um dia após a reunião da Coordenação Nacional da Conlutas, em que esta possibilidade sequer foi mencionada. E, aparentemente, foi tomada à revelia do processo de discussão e eleição dos delegados, que houve na base em todo o país, inclusive do MTL (…)

5 – As diferenças existentes acerca da realização do ELAC foram bastante discutidas e, na última reunião da Coordenação Nacional da Conlutas, foram equacionadas. Aprovou-se uma resolução construída em comum acordo com os companheiros. (A resolução vai em anexo a esta nota). Uma resolução que ao mesmo tempo permite o fortalecimento da unidade na luta e a solidariedade internacional dos trabalhadores e mantêm a independência política da Conlutas frente aos governos e à burguesia; respeita a diversidade de posições na Conlutas e fora dela, sobre a situação política e os governos de vários países latinoamericanos. Embora tenham contribuído para a elaboração da resolução, votaram contra, fazendo declaração de voto apoiando o avanço que houve no conteúdo da mesma.

6 – (…) Sabemos que os militantes de diversos partidos e organizações políticas atuam dentro dos sindicatos, movimentos e da própria Conlutas, o que é legitimo. No entanto, são os trabalhadores e jovens organizados nos sindicatos, movimentos populares, sociais e organizações da juventude, que decidirão os rumos da Conlutas, coletiva e democraticamente, em suas instâncias. Esta é uma condição que se aplica ao conjunto das organizações. Sabemos que há muito a avançar no aprimoramento da Conlutas, sendo este, um desafio permanente de todos. Não nos parece que o MTL tenha compreensão diferente.

7 – É preciso dizer com clareza que o gesto dos companheiros traz prejuízos ao esforço por construirmos uma alternativa unitária para a luta dos trabalhadores no processo de reorganização em curso (…).

8 – É um gesto profundamente equivocado e que, portanto, não contribui nem para a construção da Conlutas, nem para o esforço para a construção da unificação das forças combativas do movimento sindical e popular, reivindicado por todos nós. Esperamos que os companheiros reflitam sobre o gesto que acabam de fazer e possam reverter essa decisão, voltando assim a somar-se na construção da Conlutas e na unificação com os demais setores que estão na luta. Dessa forma, contribuirão em todo este processo com as opiniões defendidas pelo MTL.

9 – Fazemos, por último, um chamado a todos os sindicatos, oposições sindicais, movimentos populares, sociais e organizações da juventude, que fazem parte da Conlutas e àqueles que têm lutado junto conosco, para levar adiante as lutas dos trabalhadores e jovens no Brasil, e para unir a todos na construção de um mesmo instrumento de luta (…).

São Paulo, 13 de junho de 2008

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