Primeiro Congresso é um marco na reorganização dos trabalhadoresProcuramos a Conlutas porque ela é de luta, ela briga pela gente”. A fala do operário da construção civil da refinaria de São José dos Campos mostra o que ocorreu nos últimos anos. O sindicato da categoria, ligado à CUT, não queria decretar greve, apesar da falta de diálogo da patronal e da mobilização dos trabalhadores. Os operários, então, foram buscar a ajuda da Conlutas.

A falência da CUT marcou um processo de reorganização no movimento sindical e popular no país. Com a adaptação da central ao aparelho do Estado, sem volta, um setor importante do movimento de massas começou a romper com a entidade.
Para evitar que os setores contra os ataques do governo se espalhassem, sem rumo, uma nova alternativa começou a ser organizada. Esse foi o sentido do encontro realizado em Luziânia (GO), em abril de 2004. A grande participação de sindicalistas e ativistas de quase todas as regiões do país surpreendeu a todos. Ficou claro que a busca por uma alternativa já era um fato da realidade, independentemente da vontade de qualquer setor.

O encontro aprovou a formação de uma coordenação, aberta a todas as entidades que quisessem participar. A partir daí, a Conlutas foi se organizando nos estados, tornando-se a principal referência para quem rompia com a CUT e o governo.

Consolidação
Em maio de 2006, o Congresso Nacional dos Trabalhadores (Conat) aprovou a fundação da Conlutas como entidade. A organização deu um salto e sua estrutura foi se consolidando nas regiões. A principal bandeira é o resgate do classismo, abandonado pela CUT.

A partir daí, a Conlutas passou a recuperar todos os princípios que basearam a fundação da CUT e que haviam sido jogados no lixo. A ação direta como método prioritário de luta, a democracia operária e a perspectiva do socialismo guiam a nova entidade.

Nestes quatros anos, a Conlutas tornou-se referência de luta e independência. Não foi por outro motivo que, em Fortaleza, por exemplo, os trabalhadores rodoviários pediram ajuda à Conlutas para se mobilizarem, enquanto seu próprio sindicato não fez nada pela categoria.

Já em São José dos Campos, um radialista e apresentador de TV, conhecido por suas posições reacionárias, foi obrigado a admitir: “Onde tem Conlutas, tem vitória, como na Revap e na GM”, chegou a dizer no ar.

Próximos passos
O I Congresso da Conlutas tem importância histórica. O processo de reorganização não irá acabar com ele, mas será um momento decisivo para fortalecer a Conlutas. Fortalecimento que se torna importante na busca da unidade com outros setores combativos, como a Intersindical.

Há dois anos, a Conlutas faz o chamado à unidade dos lutadores. Chamado dirigido principalmente à Intersindical, infelizmente sem resposta. Setores da Intersindical e sua base, porém, começam agora a pressionar pela unificação. Isso não seria possível se não houvesse a Conlutas. E mostra que fortalecer a Conlutas é determinante para esse processo.

Além de avançar em sua organização, a Conlutas tem a tarefa de atuar como alternativa para as lutas cotidianas dos trabalhadores. Por isso, esse congresso tem a importante tarefa de aprovar um plano de lutas para o próximo período que unifique as mobilizações das categorias contra a inflação e o arrocho salarial.

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