Há quatro meses a população assiste estarrecida as denúncias de corrupção contra o governo, o Congresso e os partidos políticos em geral. A corrupção e os quase três anos de aprofundamento do receituário neoliberal transformaram a esperança de milhões, que votaram em Lula, em revolta e frustração.

O mar de lama também atingiu a figura do presidente que começa a perder a sua base social e a sofrer uma queda, aparentemente irreversível, de popularidade. Pela primeira vez, uma pesquisa revela que a maioria da população – inclusive nos setores mais explorados – desaprova o governo e diz que não confia no presidente.
A pesquisa, realizada pelo Ibope entre 18 e 22 de agosto, mostra que 47% da população desaprova o governo Lula, contra 45% que ainda segue aprovando. Também foi questionada a avaliação do governo. Cerca de 29% consideraram o governo ótimo ou bom. O número dos que consideram o governo ruim ou péssimo foi para 31%. O índice de confiança em Lula também se inverteu. Na pesquisa, 52% dos entrevistados dizem não confiar no presidente, contra 43% que ainda confiam.

Acordão de vento em popa
A semana começa sob o pesado manto da suspeita de que todas as denúncias vão dar em nada. A avalanche de corrupção atingiu o ministro Palocci e a crise ameaça contaminar o plano econômico. Preocupados, políticos (do PT ao PSDB/PFL), banqueiros e empresários – os mais interessados na manutenção deste plano – se apressam em finalizar as investigações das CPIs, blindar a economia e, num tremendo acordão, cassar um número restrito de deputados. A oposição burguesa dá mostras de que está satisfeita com o desgaste de Lula e que não quer derrubá-lo, mas sim empurrar tudo para as eleições de 2006. “Espero que Lula não renuncie (…) A oposição está preocupada com a possibilidade de que se chegue a uma situação sem volta. Meu partido, o PSDB, nunca falou em impeachment, pois sabemos o custo que pode ter uma ação dessa natureza”, disse FHC ao jornal argentino Clarín, no domingo, 28 de agosto.

Os picaretas do Congresso, liderados por Severino Cavalcanti, pretendem reduzir ao máximo o número de deputados cassados. Estão dizendo, inclusive, o absurdo de que não há como provar o esquema do mensalão. “Pelas informações de que dispomos até agora, a tese do mensalão fica derrubada”, disse Izar, presidente da Comissão de “Ética” do Congresso. Agora anunciaram que pretendem cassar Roberto Jefferson porque ele denunciou o mensalão. Não havíamos de esperar atitude mais condigna destes picaretas.

Fora Todos!
A retomada da tentativa do acordão coloca com toda a força o grito pelo “Fora Todos! Fora Lula, Congresso, PSDB, PFL…”, entoado pelo PSTU na marcha a Brasília do último dia 17. Derrubar o governo, o Congresso e repudiar a oposição de direita é a única saída viável para a classe trabalhadora. A marcha foi uma grande vitória e mostrou que há possibilidade de construir um campo classista, contra o governo e a oposição burguesa.

A queda de popularidade de Lula indica que a ficha está caindo na consciência das massas, que o governo do PT nunca foi um verdadeiro governo dos trabalhadores. Foi um governo burguês, desde seu primeiro dia, amplamente apoiado por empresários, banqueiros e pelo imperialismo.

Entretanto, seria um erro restringir a luta apenas ao governo. É preciso dirigir a luta também pela derrubada do Congresso, que não tem nenhuma autoridade para julgar o governo corrupto do PT. Não queremos tampouco o impeachment de Lula, queremos que o povo na rua derrube este governo. É preciso chamar o “Fora Todos!”, repudiando os picaretas do PSDB, PFL, PMDB, PL, PTB e PP, que preparam um acordão para que tudo acabe em pizza.
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