Secretária de Bush vem ao país para agradecer atuação de Lula na crise andinaNesta quinta-feira, Condoleezza Rice, secretária de Estado dos Estados Unidos, desembarca no Brasil para se reunir com o presidente Lula. A indesejável visita já estava agendada há 30 dias. Entre as discussões previstas, estão temas de ordem econômica e diplomática. Contudo, a recente crise entre Colômbia, Venezuela e Equador é o que certamente estará no centro das discussões.

A provocação militar de Álvaro Uribe, apoiada pelo imperialismo norte-americano, causou um imenso repúdio na América Latina. Em meio à crise, Condoleezza Rice, pediu a intermediação do presidente Lula para a solução do conflito.

Lula atendeu imediatamente e se dispôs a colocar “pano quente” na situação. A postura do presidente contrastou até mesmo com a de Chávez e Correa. Logo após o ataque ao Equador, os dois presidentes anunciaram a suspensão das relações com a Colômbia, acusando Uribe de estar a serviço de Bush no continente. No final, ficou comprovado que se tratava de apenas uma bravata de ambos presidentes e não de um enfrentamento antiimperialista conseqüente. Algo que ficou explícito com o vexatório tapinhas nas contas entre Uribe, Chávez e Correa na reunião do Rio.

Lula, porém, nem mesmo se preocupou em manter as aparências. Ao contrário, não fez a mínima denúncia dos EUA na provocação e preservou Bush e Uribe. Mais que isso, Lula, mais uma vez, cumpriu o papel de bombeiro do imperialismo no continente, costurando um acordo na OEA (Organização dos Estados Americanos) que livrou o presidente colombiano de qualquer tipo de condenação.

A crise diplomática se resolveu após Uribe ter apresentado um pedido formal de desculpas durante a conferência da OEA. Sem qualquer tipo de condenação, muito menos retaliação, Uribe está livre para invadir novamente outro país do continente sob as ordens de Bush. Após a conferência, o presidente colombiano reiterou diversas vezes que a ação militar da Colômbia foi correta, mostrando que pode repeti-la no futuro.

Com a visita de Condoleezza, os EUA querem reforçar o papel do Brasil como guardião dos interesses imperialistas no continente e impedir qualquer investigação de fundo sobre o bombardeio colombiano ao Equador – como prevê uma resolução da própria OEA.

Em visitas anteriores, a secretária elogiou a atuação no Brasil na resolução nas crises da Venezuela e Bolívia (após a derrubada do presidente do país por um levante de massas). Também e chamou Lula de “amigo de Bush” por sua atuação na ocupação militar e colonial do Haiti.

Em meio à ameaça de golpe militar que pairava sobre a Venezuela ainda em 2003, um ano depois do golpe frustrado, Lula, ao invés de denunciar o perigo, defendeu a criação de um “grupo de amigos” (que incluía os EUA!) para promover a conciliação entre a burguesia golpista e o governo venezuelano, através de um grande acordo. Foi o que acabou acontecendo.

Mais do que o presidente dos “panos quentes”, sempre pronto a manter a estabilidade regional a serviço dos EUA, o governo Lula age ostensivamente a favor do imperialismo. Com armas, se for preciso, como mostrou na ocupação do Haiti. Uma realidade bem distinta da política externa progressista, que setores da esquerda ainda insistem em afirmar que o governo Lula.

Por isso, os movimentos sociais devem repudiar a visita de Condoleezza e a atitude de Lula em recebê-la, dizendo o que ela merece ouvir: fora Condoleezza do Brasil!