Redação

Bolsonaro avança em sua política de genocídio e de ataque às liberdades democráticas

Neste domingo, 19, por mais um dia seguido, insuflados pelo discurso genocida de Bolsonaro, as “carreatas da morte” desfilaram com seus carrões de luxo pelas principais vias das grandes cidades, não raro provocando aglomerações até mesmo em frente de hospitais. Além de defenderem o fim da quarentena, as carreatas deste domingo, dia do Exército, tiveram como pauta explícita um “novo AI-5”.

Assim como ocorreu no ato do dia 15 de março, os atos foram diretamente impulsionados por Bolsonaro e seus filhos, que durante todo o dia repercutiram as manifestações nas redes sociais. Mesmo que tenham reunido poucas pessoas, essas manifestações são intoleráveis e devem ser fortemente repudiadas por todos os que defendam as liberdades democráticas. Sem contar que provocaram aglomerações num momento em que o Brasil registra mais de 200 mortes diárias pela pandemia do novo coronavírus.

Em Brasília, Bolsonaro foi pessoalmente ao ato, em frente ao quartel general do Exército. Do alto de uma caçamba de caminhonete e diante de faixas pedindo o fechamento do Congresso Nacional e do STF, Bolsonaro felicitou os manifestantes e, tossindo bastante, proferiu um discurso abertamente golpista. “Acabou a época da patifaria, agora é o povo no poder”, disse, entendo-se como “o povo”, evidentemente, ele mesmo.

Bolsonaro eleva, assim, a crise política a um novo patamar, tanto em relação à sua tentativa de impor o fim da quarentena e o retorno ao trabalho, orientação genocida que transformou o mandatário num pária internacional e que ameaça a vida de centenas de milhares de brasileiros, quanto em sua ofensiva às liberdades democráticas e em favor de uma ditadura.

Hipocrisia e colapso do sistema de saúde

Ao mesmo tempo em que radicalizava seu discurso para a meia dúzia de apoiadores que se apinhavam em frente ao quartel para receber os perdigotos lançados de sua boca, Bolsonaro tenta comprar o apoio do chamado “centrão”, aquele conjunto de partidos corruptos e fisiológicos que sustentam hoje Rodrigo Maia. Quer, assim, garantir uma base de sustentação no Congresso Nacional para proteger seu mandato e, ao mesmo tempo, destravar pautas como a da carteira verde-e-amarela, que visa, em plena pandemia, aprofundar a reforma trabalhista e a retirada de direitos.

A crise, porém, se aprofunda cada vez mais. Bolsonaro está isolado e dobra a aposta numa ofensiva às liberdades democráticas. Ele e o seu governo têm consciência do morticínio que representa sua política de “deixar morrer”, mas para ele, as eleições de 2022 e os lucros das grandes empresas e dos banqueiros são as prioridades à qual deve se submeter tudo, até a vida das pessoas.

No Amazonas, a situação já provoca cenas de barbárie, com mortos e hospitalizados ocupando os mesmos lugares. A rede de UTIs de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará já ameaça entrar em colapso. Na capital paulista, retroescavadeiras abrem valas a ceu aberto esperando as vítimas da Covid-19.

Fora Bolsonaro e Mourão: Derrubá-lo é uma necessidade urgente

O gesto de Bolsonaro neste domingo reafirma a necessidade de uma campanha de massa para retirá-lo de lá. A luta contra o coronavírus e a crise social tem como pressuposto o “Fora Bolsonaro e Mourão”, hoje a principal barreira para evitar ainda mais mortes. Não podemos esperar as pilhas de cadáveres nas ruas e hospitais como na Itália e no Equador, é fundamental agir já.

Bolsonaro não só se omite em relação à pandemia, mas hoje é o principal agente de disseminação do vírus no país, lutando contra as parcas medidas de quarentena. Também atua para se aproveitar da pandemia e aprofundar os ataques aos trabalhadores. É o principal responsável por milhões de desempregados, e age de todas as formas que pode para atrapalhar e atrasar a chegada da ajuda irrisória de R$ 600.

Nesta crise, o tempo conta muito. É preciso garantir desde já todo o suporte necessário à saúde pública. Testagem em massa, máscaras e álcool em gel à população. Garantir que os trabalhadores fiquem em casa (e trabalhem apenas os dos setores essenciais) com auxílio de 2,5 salários mínimos, proibir as demissões e reverter toda a retirada de direitos (condições que os governadores e o Congresso também não agem para garantir, justamente quando a epidemia chega em cheio na periferia).

Não é verdade que a luta pela derrubada de Bolsonaro e Mourão “atrapalham” a luta contra a pandemia, como justificam setores da oposição, mas o contrário. Deixar Bolsonaro livre é que vai ajudar a trazer o caos sanitário e social ao país, assim como não vai impedi-lo de avançar contra as liberdades democráticas, rumo a um autogolpe. Ele aprofunda a catástrofe econômica e social e busca disputar um setor da sociedade para o seu projeto de ditadura. Tirá-lo de lá, assim, é urgente para evitar um genocídio e para impedir um autogolpe mais adiante.

É preciso que os partidos de oposição e as organizações da classe trabalhadora coloquem em marcha uma ampla campanha de massa pelo Fora Bolsonaro e Mourão. É preciso um dia unificado de protesto, se não é possível ir às ruas, façamos nas janelas de todo o país, reunindo também os trabalhadores dos setores não-essenciais obrigados por seus patrões e o governo a trabalharem.  Fora Bolsonaro e Mourão!