9º Congresso da Federação Nacional dos Petroleiros aprova paralisação de um dia nesta sexta-feira

Encerrou-se no domingo, 19 de junho, o 9º Congresso da Federação Nacional dos Petroleiros. Diferente do Congresso da Federação Única dos Petroleiros, feito para defender o governo, inclusive com a presença de Lula, o da FNP demonstrou ser um congresso de luta, com bandeiras claras e com um plano de ação.

Logo na mesa do primeiro dia, de conjuntura nacional, Joaninha Oliveira, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, identificou a venda de ativos da Petrobrás como o maior ataque feito pelo governo Dilma contra os petroleiros desde 1995. Comparável ao que significa o ajuste fiscal para o conjunto da classe trabalhadora, ou o PPE para a indústria privada.

Por isso, a necessidade de uma reposta conjunta da classe: uma greve geral para derrotar o governo Dilma e seus planos e ataques contra os trabalhadores. “Dilma foi eleita com um discurso contra a retirada de direitos, contra a privatização e outras reformas que atacam os trabalhadores, e que seriam medidas esperadas de Aécio, mas estão sendo aplicadas por ela. Por isso, a sensação de fraude eleitoral toma conta da população. Lutar contra os ataques é necessariamente lutar contra o governo”, afirmou.

Edison Munhoz, representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT), apesar de concordar com Joaninha sobre a necessidade de lutar contra os governos, inclusive do PT, apresentou opinião diferente sobre a avaliação do governo e do próprio país. “Não é possível colocar na conta do atual governo todos os problemas que existem e são históricos, inclusive uma marca da relação entre capital e trabalho”, disse.

No momento da votação, que ocorreu no dia 19, a maioria dos congressistas aprovou uma resolução que coloca claramente a necessidade de organizar, pela base e com a união de todos os petroleiros (da Petrobrás e terceirizados), a resistência necessária para derrotar Dilma/Bendine e o PLS (Projeto de Lei do Senado ) de José Serra (PSDB) como única maneira de se defender a Petrobrás.

Ato em defesa da Petrobrás reforça chamado à Greve Geral de petroleiros
No horário de almoço da sexta-feira, 17, os congressistas realizaram um ato na porta do Edise, sede administrativa da Petrobrás, centro do Rio de Janeiro. Lá, os manifestantes ressaltaram a necessidade de construir a unidade entre os 17 sindicatos dos petroleiros e os demais setores da sociedade para derrotar o plano de desinvestimento feito por Dilma e o presidente da Petrobrás, Bendine, assim como a PL que aumenta a entrega do patrimônio nacional feita por José Serra.

O ato, além de ser contra os planos de Dilma, defendia uma Petrobrás 100% estatal sob controle dos trabalhadores e a volta do monopólio estatal de petróleo. “É hora de fortalecer a luta contra o projeto de Dilma e Bendine, que já anunciaram a venda de ativos da Petrobrás, dando início ao maior processo de privatização da companhia ocorrida nos últimos tempos”, disse Clarkson Messias diretor da FNP e do Sindipetro AL/SE.

Marcaram  presença na manifestação entidades e partidos políticos como a Anel, Cobap, PSTU, PSOL, CSP-Conlutas, CUT, Unidade Classista, garis demitidos da Conlurb, operários demitidos do Comperj, oposição de esquerda da CUT, entre outros, além dos sindicatos e oposições ligadas à FNP.

Agora é preparar o dia 24 de julho como um dia nacional de paralisação de 24 horas, como base para uma greve geral de todos os petroleiros em todo país.

Somente com a mobilização e a luta dos trabalhadores se poderá derrotar Dilma e salvar a companhia do desmonte e da privatização patrocinada pelo governo, com apoio da oposição burguesa.

Debate sobre Petrobrás reafirma luta contra venda de ativos
Na quinta-feira, 16, foi realizado no congresso um painel bastante concorrido com o tema “A crise da Petrobrás e o seu novo Plano de Negócios”. Nazareno Godeiro, do ILAESE (Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos) foi categórico em afirmar que o movimento articulado contra a Petrobrás a partir do novo plano de negócios da empresa que reduz seu investimento em 37%, visa o desmantelamento da empresa. Mas não só isso. “Essa diminuição de aportes vai provocar um desmonte na indústria nacional”, disse Nazareno.

O programa prevê uma redução de empregados que pode chegar ao número de 150 mil trabalhadores terceirizados.  “Toda cadeia de exploração, transporte, refino e abastecimento, vai perder com a redução de investimentos, haverá o desmembramento de suas subsidiárias e a venda com preços defasados. A ideia é provocar um sucateamento proposital, concentrando suas operações somente em extração do óleo extraído”, denunciou, mostrando que empresas como Braskem, Transpetro, BR Distribuidora, entre outras subsidiárias da holding poderão ser vendidas.

Godeiro afirmou que a Petrobrás sofre os efeitos do neoliberalismo com a desnacionalização e privatização. O regime de partilha coloca até 70% do petróleo brasileiro à disposição dos interesses do capital internacional, sendo muito lesivo à soberania nacional. Com o novo plano de negócios, o objetivo da Petrobrás é vender 67 bilhões de ativos na Bolsa de Valores nos próximos cinco anos.

E encerrou sua apresentação deixando claro que o objetivo do Governo Federal é fatiar a Petrobrás.

Ao final do painel, o Coordenador do Sindipetro-RJ – Emanuel Cancella, afirmou: “Já na ditadura militar tínhamos o Shigeaki Ueki, então presidente da Petrobrás que já operava um esquema de corrupção”. Também afirmou que “é necessário um maior engajamento do movimento sindical na defesa dos interesses nacionais. Precisamos barrar essa orquestração e lutar pela Petrobrás. Por isso, é primordial que essa greve dos petroleiros programada para o próximo dia 24 julho seja um recado para o governo Dilma. Precisamos barrar a venda dos ativos da empresa, vamos lutar contra isso!”.

Finalizou com a necessidade de se criar um movimento para barrar a realização dos leilões do petróleo e derrubar o projeto do Senador José Serra.

Congresso termina com aprovação da “Carta do Rio” e chamado à Greve
A plenária final do congresso, além de votar a resolução de conjuntura que coloca a necessidade de derrotar o governo Dilma para defender a Petrobrás, aprovou a “Carta do Rio”, documento que explicita a posição da FNP em relação à crise na Petrobrás e reforçou o chamado à unidade dos 17 sindicatos para realizar a greve de 24 horas nesta sexta-feira, contra a venda de ativos, em defesa do emprego e direitos dos trabalhadores próprios e terceirizados e por uma Petrobrás 100% pública e estatal sob controle dos trabalhadores.  E logo após realizar uma plenária de toda categoria para organizar a mobilização rumo à Greve Geral.

Agora é mãos à obra e ir à luta.