Manifestação no dia 13 de maio reuniu algo como 4 mil pessoas
CMI Floripa

Há poucos dias, a prefeitura de Florianópolis em conjunto com os empresários do transporte da região impôs um novo reajuste da tarifa dos ônibus, que passou a custar R$ 2,38 no cartão e R$ 2,95 em dinheiro (correspondendo a um aumento de 18 15 centavos respectivamente).

Foi o maior aumento desde 2005, ano das últimas gigantescas e radicalizadas manifestações que derrubaram o aumento da época e forçaram a prefeitura a adotar a tarifa única. Essa vitória, porém, foi parcial, já que a elevação nos preços se deu, de lá para cá, através de valores menores e menos impactantes, o que não provocou grandes mobilizações nesse período.

Outro aspecto que vem causando confusão é a forma com que a mídia, os empresários e a prefeitura justificam o aumento das passagens. É nas costas dos motoristas e cobradores, que todos os anos lutam por seus salários e direitos, que os poderosos têm jogado a culpa do aumento. O que eles se esquecem de falar é sobre os lucros exorbitantes que as empresas obtiveram, e que nesse ano servirão para engordar os caixas das campanhas eleitorais da burguesia.

De volta às ruas
Desta vez, porém, os empresários e a prefeitura abusaram e os estudantes, em conjunto com os trabalhadores, resolveram retomar as grandes mobilizações no centro da capital. No dia 13 de maio foram mais de 4 mil estudantes e trabalhadores nas ruas na primeira manifestação centralizada.

Os governantes e a polícia sabem do potencial que têm as mobilizações contra o aumento das passagens de ônibus e, já no primeiro grande ato, colocaram um enorme aparato repressivo policial nas ruas. Mas, certamente precisarão de mais policiais, pois as manifestações prometem aumentar em número e intensidade nas próximas semanas.

Há muito tempo que o transporte “público” em Florianópolis e região têm sido motivo de intensos debates e mobilizações. Os ônibus são de péssima qualidade, as tarifas altíssimas e o tempo de espera nos pontos e terminais de integração não param de aumentar com as “reestruturações dos quadros de horários” feitos pelas empresas e autorizados pela prefeitura (que é a responsável pelas linhas e concessões das mesmas).

O movimento deve seguir e conquistar a revogação do reajuste das tarifas, mas outras demandas são discutidas agora durante as mobilizações. A oposição burguesa e boa parte do reformismo defendem apenas a revogação do aumento e, no máximo, que se faça uma nova licitação para que outras empresas assumam algumas linhas no lugar das atuais empresas. Não podemos deixar os trabalhadores e a juventude serem iludidas por isso. Assim o transporte não terá uma melhora. As tarifas não deixarão de ser reajustadas. Os empresários continuarão a se beneficiar duplamente utilizando verbas públicas (subsídios de milhões de reais cedidos pela prefeitura supostamente para cobrir “prejuízos” das contabilidades das empresas) para lucrar com as linhas de ônibus que são um serviço publico.

Nós, do PSTU, temos defendido no movimento outro modelo de transporte coletivo em Florianópolis, a começar pelos ônibus. A luta organizada dos estudantes e trabalhadores precisa avançar também até a municipalização do transporte coletivo (e que este processo se estenda a todos os municípios da Grande Florianópolis que fazem parte do sistema supostamente “integrado”). A prefeitura deve começar intervindo nas atuais empresas criando assim uma frota própria pública, que já está paga com o dinheiro dos usuários e com os subsídios dados pela prefeitura ao longo dos mais de 10 anos de concessão. É necessário criarmos uma empresa municipal pública, controlada pela população usuária do transporte público junto com os trabalhadores do setor.

Assim administrada, esta empresa pública teria condições de prestar um serviço de qualidade a população trabalhadora e de estudantes definindo as linhas, os horários, necessários bem como a forma que esse sistema seria mantido, para que caminhássemos para a gratuidade total para todos do transporte que é uma necessidade básica.