Três semanas de manifestações obrigam Câmara de Vereadores a revogar aumento da passagemNo dia 28 de maio, foi houve um reajuste médio de 8,8% nas tarifas do ônibus de Florianópolis, pelo prefeito Dário Berger (PSDB). Como no ano passado, explodiram mobilizações que se enfrentaram com uma forte repressão policial por três semanas.
O ato mais importante foi realizado em 16 de junho. Os já desgastados governos estadual e municipal mandaram às ruas seus soldados para caçarem cerca de mil manifestantes que fechavam as duas principais saídas da ponte que dá acesso à ilha, em pleno horário de pico, causando um gigantesco engarrafamento por cerca de uma hora. A manifestação foi dispersada por uma polícia descontrolada, que usava bombas de efeito moral como se fosse rojão e acertou balas de borracha em pessoas que sequer participavam do protesto. A reposta dos manifestantes foi a radicalização, resultando na destruição de agências de bancos privados, em policiais e manifestantes feridos e 16 presos ao final do protesto.

A prova da grande vitória conquistada veio quando a Câmara dos Vereadores, que há uma semana não conseguia se reunir devido às mobilizações, aprovou a revogação do decreto que concedia o aumento. O “mensalão”, desta vez, foi o subsídio dado às empresas pela prefeitura, em troca da redução das tarifas.

Até o fechamento desta edição, o prefeito ainda não tinha dado seu parecer sobre o projeto.

“Vem pra luta vem, contra o aumento!”
O grito comum nas ruas da capital catarinense era o chamado às ruas. Com ele, vinham centenas e até milhares de trabalhadores e estudantes que não acreditam mais nos governantes e suas instituições. O medo da unificação das lutas fez os patrões atenderem às reivindicações das categorias que ameaçaram entrar em greve, como servidores municipais, motoristas e cobradores, bastando a esses somente um dia de paralisação.

“Chega de patrão! O que eu quero é municipalização!”
Agora temos que por fim à máfia dos transportes, com a sua estatização, sob o controle dos trabalhadores e da juventude. Só assim poderemos garantir o fim dos aumentos abusivos e o passe-livre para os estudantes e desempregados.

O objetivo é agora organizar um plebiscito que reúna as entidades sindicais, estudantis e o restante da população em comitês em seus bairros, escolas, locais de trabalho, para conseguirmos a municipalização dos transportes.

Conlutas e Conlute, nas lutas até a vitória!

Gilmar Salgado, de Florianópolis (SC)

Desde primeira semana de luta, a Conlutas e a Conlute estiveram apoiando as manifestações e ajudando na sua construção com a participação no comitê de resistência ao aumento da passagem, na militância diária nos atos e na mobilização das categorias.

Os atos em Floripa foram uma aula para aqueles que acreditavam na CUT, na UNE e Ubes como instrumentos de luta. Essas entidades participaram do movimento só na hora de aparecer na TV ou de negociar com a prefeitura, sem a autorização do movimento. Quando a repressão policial chegou ao seu auge, foram os primeiros a defenderem a prisão dos “vândalos” e o pacifismo que, na prática, se traduzia em deixar os manifestantes serem presos e espancados pela polícia. Tentaram a todo instante transformar as lutas em palanques para os seus parlamentares, domesticar a luta e convertê-la em uma CPI, semeando a esperança de o conflito ser resolvido pelos vereadores ou pela “Justiça”.

As manifestações deixaram claro que devemos construir uma alternativa àqueles que tentam domesticar as lutas colocando-se ao lado dos exploradores e corruptos. A Conlutas e a Conlute existem para ajudar a construir essa alternativa.

Post author Sebastião Amaral, de Florianópolis (SC)
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