O Chile assistiu uma das maiores mobilizações populares contra o modelo econômico neoliberal desde 1972. Tudo começou com um protesto em maio, quando mais de 600 mil secundaristas foram às ruas para lutar pela gratuidade do exame de vestibular e pela revogação da Lei Orgânica Constitucional de Ensino (Loce), promulgada pelo ditador Pinochet.

As manifestações se espalharam e ganharam a ampla simpatia da população. A Revolta dos Pingüins – uma referência aos uniformes azuis e brancos dos secundaristas da rede pública – contou também com a adesão de setores dos trabalhadores, como professores, trabalhadores do Ministério da Educação e sindicatos.

Considerado o país com maior estabilidade política da América Latina, o Chile, em 2006, foi subitamente abalado pelos protestos dos “pingüins”. Michele Bachelet, presidente do país e líder da Concertación (coligação formada pelos partidos Socialista e Democrata-Cristão, que governa desde o fim da era Pinochet), não imaginava que as manifestações ganhariam a simpatia da população e que pudessem abalar seu governo, um “modelo”, segundo o imperialismo. O próprio ministro do Interior, Andrés Zaldívar, admitiu que “não imaginávamos que, 60 dias depois da posse, os estudantes nos colocariam contra a parede”.

A calmaria social no Chile se interrompeu surpreendentemente. Os protestos estudantis colocaram o país mais próximo da situação política da maioria dos países da América Latina.
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