Faltando exatamente um ano para que se completem cem anos do nascimento do poeta, pintor, teatrólogo, cineasta, ator e folclorista negro Solano Trindade, a prefeitura de Embu das Artes e o Teatro Popular Solano Trindade (TPST) iniciam uma programação que homenageia o artista. O Festival Centenário Solano Trindade ocorre nos dias 21 e 22 de julho, na Avenida São Paulo, 100 – centro de Embu das Artes (SP).

O Festival, que terá entrada gratuita em todas as atividades, consistirá em uma série de shows musicais, exposições, saraus e manifestações culturais divididos em dois palcos. Também será inaugurado um monumento em homenagem a Solano Trindade, do escultor Jofe dos Santos.

Solano nasceu em Recife em 1908, mas também morou e atuou no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. Nos anos 60, ele inicia na cidade do Embu, o núcleo cultural que contribuiu para o atual batismo de Embu das Artes. É lá também que Raquel Trindade, filha do poeta, fundou e mantém até hoje um grupo de teatro popular com o nome do pai.

Além de grande poeta negro, Solano foi um lutador, um grande defensor da liberdade, e resgatou a cultura negra no país. Por tudo isso, Trindade sofreu perseguições. Um de seus poemas mais conhecidos, “Tem Gente com Fome”, foi musicado em 1975 pelo grupo Secos & Molhados. A música foi proibida pela censura, sendo resgatada e gravada em 1980 por Ney Matogrosso, no álbum “Seu Tipo”. Mas, por causa desta música, em 1944, Solano foi preso e teve o livro “Poemas de uma Vida Simples” apreendido. Além disso, em 1964, um dos seus quatro filhos, Francisco Solano, morreu numa prisão da ditadura militar.

Para quem não pode ir a Embu, região metropolitana de São Paulo, para conferir o verdadeiro show de cultura afro-brasileira que deve se instalar com este festival, vale a pena conhecer e homenagear o poeta lendo seus versos. Solano teve publicadas as obras: “Poemas negros” (1936), “Poemas de Uma Vida Simples” (1944), “Seis tempos de poesia” (1958) e “Cantares do Meu Povo” (1963). Também há uma coletânea publicada em 2001 pela editora Cantos e Prantos, que reuniu a obra do poeta no volume “Solano Trindade – O Poeta do Povo”.

Até o ano que vem também estão previstas outras homenagens a Solano, não só em São Paulo, mas também em Pernambuco e Bahia.

VEJA QUEM SE APRESENTA NOS PALCOS DO FESTIVAL NESSES DOIS DIAS:
Dia 21 (das 11h às 22h)

Cia Baque Bolado/ Quilombhoje/ Abieie/ Umoja/ Núcleo de Repertório do/ Teatromovimento/ Caçapava e Oficina/ Capoeira Mestre Ginga/ Sílvio Modesto/ Banda Municipal/ Negronei e o Rosário/ Borba/ Urucungos Puítas e Quijenges/ Teatro Popular Solano Trindade/ Murilão/ Guaçatom/ Vítor da Trindade e Carlos Caçapava/ Seu Maninho/ Bloco do Barata/ Fofão

Dia 22 (das 13h às 22h)
Allan da Rosa/ Maria Tereza/ Olho D´Água/ Zinho Trindade e Thiago Beat Box/ Z`áfrica Brasil/ Água de Menino/ Dinho Nascimento/ Pé no Terreiro/ Capoeira Mestre Marrom/ Adailson Jacobina/ Frevo da Carla/ Tropeiros da Serra/ Sansacroma/ Teatro Popular Solano Trindade/ Naipe de Percussão/ Revista do Samba/ Balé Afro Koteban/ Thobias da Vai-Vai/ Osvaldinho da Cuíca/ Circo Fratelli/ Cupuaçu

SAIBA MAIS SOBRE OS PRINCIPAIS GRUPOS QUE SE APRESENTAM:
Teatro Popular Solano Trindade

Com sede em Embu das Artes, o Teatro Popular Solano Trindade, é dirigido por Raquel Trindade, filha de Solano, e tem seu trabalho voltado para as danças afro-brasileiras, como maracatu, coco, jongo mineiro, fluminense e da serrinha, samba de roda, samba lenço rural paulista, bumba-meu-boi, cafezal de Pernambuco e de São Paulo, lundu colonial e o movimento de dança dos orixás. Matriarca de uma família de músicos, Raquel é acompanhada do violonista, percussionista, compositor e filho Vitor da Trindade; e pelos netos Manoel Trindade e Zinho Trindade, filhos de Vitor, também participantes do Naipe de Percussão, além de outros membros da família.

Cia. de Artes do Baque Bolado
A Cia. de Artes do Baque Bolado se caracteriza pela pesquisa e divulgação de ritmos brasileiros de aculturação africana, compartilhando da fusão dos sentidos sob a pulsação dos tambores, que remetem à ancestralidade do povo brasileiro em suas matrizes principais: a africana, a indígena e a européia. Ministram oficinas de danças populares brasileiras, dança afro-brasileira, percussão, teatro de rua e circo.

Vitor da Trindade e Carlos Caçapava
Quem já viu Vitor da Trindade e Carlos Caçapava no palco, sabe que eles são pura alegria na arte da percussão. Tocam juntos desde 1975 e já acompanharam vários artistas. As músicas são baseadas nos ritmos das tradições Afro-Brasileiras, no Candomblé, no Maracatu, no Côco, uma mistura de estilos que resultou num trabalho contagiante.

Caçapava e oficina
Caçapava se dedica há mais de vinte anos à pesquisa da cultura popular e construção de instrumentos primitivos de percussão. O músico e os convidados da Oficina Ritmo e Movimento apresentarão uma coletânea de ritmos que vem do religioso afro-brasileiro ao afro-americano, como funk e rock, além de diversos instrumentos de percussão e danças populares brasileiras, como Cabocolinho, Yaôs, Maculêle, Capoeira, Jongo do Vale, Samba de Roda, Lundu, Coco, Samba Rural, Cortejo de Maracatu, Bumba Meu Boi, Ciranda e Cacuriá.

Revista do Samba
Acompanhado da cantora Letícia Coura, que também toca cavaquinho, e de Beto Bianchi ao violão, Vitor integra o grupo que tem carreira de sucesso, com vários CD´s gravados e turnês pelo exterior. Além da pesquisa de sambas do Bixiga, o projeto tem participação da escola de samba Vai-Vai e de músicas de Geraldo Filme.

Cia. de Dança Abieié
O grupo desenvolve trabalho de experimentação e criação baseado em uma das matrizes formadoras da cultura brasileira – a africana, entrecruzando corpo e ancestralidade, valorizando a diversidade dos corpos e trazendo à tona sabedorias corporais tão presentes no cotidiano nacional. A Cia. resgata e acompanha o fluir dos acontecimentos. Re-significa tais expressões. O espetáculo Renascimento e Outros Mistérios traz as particularidades do universo feminino revelando a vivacidade da criação e a força das que trazem vida ao mundo.

Grupo Água de Menino e Kenura
O grupo apresentará duas coreografias: a Puxada de Rede e o Maculelê. A Puxada de Rede é baseada na tradição da pesca do xaréu, na região oceânica de Salvador (BA). Anualmente, de outubro a abril, os cardumes migram para as águas mornas ao Norte, e repete-se o ritual da pesca de cerco. No Maculelê, a coreografia vem da região canavieira de Santo Amaro, recôncavo baiano. O grupo segue a tradição de Mestre Popó.

Ballet Afro Koteban
O trabalho de pesquisa do grupo é baseado na cultura Mandingue, de povos do oeste da África, que inclui cinco países: Guiné, Mali, Senegal, Burquina Faso e Costa do Marfim. Formado por músicos, dançarinos e atores, tem como foco a manifestação e resgate da cultura africana. Possui uma música forte, de arranjos e andamentos complexos. Ela tem como base o Djembe, Dununs e Balafon, que são alguns dos vários instrumentos dessa cultura, acrescentados dos já conhecidos pelos brasileiros como o Berimbau, Cuíca, Congas, Caxixis, Xequerês, etc.

LEIA TAMBÉM: