Abaixo, divulgamos o relato dos estudantes de Agronomia Sebastião e Gleison que participaram da plenária na qual se resolveu desligar a Feab da UNEÀs 4h10 da manhã do dia 24 de março de 2008,em Belém (PA), na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) a Plenária Nacional de Entidades de Base de Agronomia 2008 (Pneb de Páscoa) organizada pela Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (Feab) votava a ruptura com a UNE por ampla maioria dos votos num dos espaços mais ricos de discussão dessa federação.

A Pneb tinha como uma de suas principais tarefas votar a ruptura da Feab com a União Nacional dos Estudantes, cumprindo a resolução do 50º Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomia, que encaminhou essa discussão a sua base para que a deliberação pudesse ser fruto de um acúmulo da federação em todas as regionais do país.

Durante os cinco dias que a Pneb durou, a Feab respirou um dos principais debates em nosso país, a discussão sobre a reorganização sindical, camponesa e estudantil pela qual passa o Brasil e a América Latina. A necessidade de se entender qual a alternativa a se tomar ou construir ficaram vivas na expressão de cada participante ali presente, que se empenhava para contribuir com o debate da melhor forma, visando a construir a melhor resolução sobre o tema.

Passavam diariamente pela UFRA em torno de 50 ativistas do movimento estudantil, entre delegados vindos de todas as partes do país e de outros municípios paraenses, bem como vários ativistas que constroem a Frente de Luta Contra as Reformas, especialmente e em maior número os da Conlute que vem construindo a luta junto aos estudantes e ativistas da agronomia na UFRA.

Vários foram os temas debatidos: Conjuntura Nacional, agroecologia, a questão da opressão à mulher e ao homossexual entre outros temas. A discussão acerca da ruptura com a UNE se realizou na tarde do dia 21, sexta-feira santa no calendário cristão. A mesa foi facilitada por representações da FOE, Consulta Popular e Conlute.

Pela Cordenação Nacional dos Estudantes, esteve presente a estudante Camila Lisboa, que afirmou que “a decisão da Feab de romper com a UNE, para além de ser uma decisão histórica, coloca na ordem do dia para a federação e todo o movimento estudantil brasileiro, a necessidade de pensar novamente como o movimento estudantil brasileiro deve se reorganizar. Sendo agora livre das mãos governistas e burocráticas da União Nacional dos Estudantes, a esquerda e todos os estudantes que durante todo o ano passado fizeram lutas e ocuparam reitorias, deveriam se debruçar sobre qual alternativa será melhor para organizar as nossas lutas em mais um ano que o governo Lula despejará ataques à educação pública brasileira”.

Na plenária final, iniciada na noite do dia 23, surgiram três propostas sobre o tema, incluindo uma que recomendava à Feab não romper com UNE. Porém, ao final do debate, a tentativa do consenso resultou na seguinte resolução: “a esquerda brasileira passa por um período de reflexões e acúmulo de forças caracterizado pelo encerramento do ciclo com centralidade na disputa institucional. Diante dessa conjuntura, a Feab acredita que a UNE sofre uma crise de origem estrutural, consolidada pela burocratização e aparelhamento dessa entidade, que vai para além de uma crise de sua atual direção. Partimos do consenso da importância histórica que a UNE cumpriu para organização dos estudantes construindo e impulsionando lutas da classe trabalhadora. No entanto, a Feab consolida seu rompimento com a UNE e compreende que esta deixou de cumprir seu papel na organização do ME combativo. Esta posição não aponta neste período para a construção de uma nova entidade, pois as tarefas colocadas são o trabalho de base, formação política e lutas concretas. No entanto, compreendemos a importância do debate da reorganização para o ME brasileiro e do papel que a FEAB pode exercer neste debate”.

Apesar de a Regional 6 (contando com as escolas de Belém e Marabá) e a Escola de Fortaleza apresentarem, inicialmente, outra formulação para tal proposta, sendo estas umas das pioneiras na proposição de tal rompimento, essas escolas conseguiram articular juntamente a outras, as quais conformam a maioria de entidades e possuem ainda a Coordenção Nacional da Feab, tal proposta apresentada acima. Entretanto o sentimento das escolas de Belém, Fortaleza e outras que não estavam presentes na plenária segue sendo de que é necessário apontar no sentido da construção de uma Nova Entidade Estudantil, pois não se pode ficar vendo o bonde da história passar. É por esse motivo que, no mês passado, a Regional 6 assinou a convocatória da Executiva Nacional dos Estudantes de Letras e da Conlute e participou da primeira reunião convocada para discutir a construção de um Congresso Nacional de Estudantes e estará na base construindo todo o calendário de luta para este semestre.