Dívida é o grande mal por trás dos ataques neoliberais aos trabalhadores`Cromafoto`

Maria Lúcia Fattorelli defendeu a auditoria e o não pagamento da dívida externa do Brasil. Auditora Fiscal da Receita Federal e integrante da Coordenação da Auditoria Cidadã da Dívida pela Campanha Jubileu Sul, Fatorelli participou como convidada no painel “Conjuntura Nacional e Internacional”, neste primeiro dia do Conat. A atividade contou também com a presença do estudioso norte-americano James Petras, de Ricardo Antunes, do P-SOL, e do historiador Valério Arcary, do PSTU.

A Auditoria Cidadã exige o não pagamento das dívidas externa e interna e atualmente desenvolve uma campanha nacional ampla de conscientização e mobilização popular em torno desta causa. A Conlutas integra o Conselho Político da Auditoria Cidadã.

Em sua fala, Fattorelli explicou como o pagamento da dívida externa é prejudicial ao trabalhador. Em primeiro lugar, 70% do orçamento da União vai parar nos bolsos do FMI, o que causa a falta de verbas para as áreas sociais, como saúde, educação, moradia, reforma agrária, previdência social e aumento do salário mínimo.

Além disso, a dívida externa subordina o Brasil aos interesses do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da burguesia internacional. Para emprestar dinheiro, o FMI impõe uma série de medidas de forte conteúdo neoliberal. E que medidas são estas? Privatização dos bens estatais públicos, arrocho salarial, leis trabalhistas mais flexíveis para garantir o lucro das empresas, abertura ainda maior para que as multinacionais adentrem no País, boicote às lutas dos trabalhadores. As reformas Sindical, Trabalhista e Universitária seguem justamente o receituário do FMI.

Fattorelli demonstrou aos 3 mil participantes do Conat que, mesmo com o pagamento em dia da dívida externa, ela já foi paga várias vezes e nunca vai acabar. No governo FHC, o Brasil tinha uma dívida externa de 148 bilhões de dólares. Quando Lula foi eleito, estava no patamar de U$ 224 bilhões. Lula, seguindo as ordens dos poderosos, paga as parcelas da dívida em dia e se vangloria disso. Mesmo assim a dívida decresceu pouco desde 2003 e hoje totaliza U$ 180 bilhões.

Alem disso, a dívida real não diminuiu, já que a dívida externa está sendo transformada em dívida interna. Durante o governo FHC, dívida interna totalizava R$ 623 bilhões de reais e hoje chega a R$ 1 trilhão, devido à compra e venda de títulos da dívida no mercado interno. Tudo isso reforça a bandeira levantada pelo PSTU, que exige o não pagamento imediato da dívida externa e interna.

Algumas entidades que participam do Conat vão levar para os grupos de trabalho do congresso a proposta de que um dos eixos de atuação política da Conlutas no próximo período seja a campanha pelo não pagamento da dívida externa. Outras lutas prioritárias também serão discutidas: pelo aumento do salário mínimo e pela anulação da reforma da previdência aprovada com dinheiro do mensalão.

Conheça no site da Conlutas mais detalhes sobre a Campanha contra o pagamento da dívida. Acesse www.conlutas.org.br.

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