Redação

Da redação

O governo e a rede de apoiadores de Bolsonaro, assim como a grande imprensa, estão intensificando a campanha a favor da reforma da Previdência. É vídeo na TV, reportagens tendenciosas e um sem número de materiais que chegam por zap que tem um único objetivo: te convencer de que, sem a reforma da Previdência, o país quebra. Mais que isso, dizem que ela “combate privilégios” e que não vai afetar os pobres, ao contrário, vai gerar milhões de empregos.

Eles fazem isso na tentativa de virar a opinião pública, pois sabem que a maioria é contra a reforma. Assim, tentam enganar o povo para que passe a apoiar o fim de sua própria aposentadoria. É tudo o que o governo e os banqueiros querem: fazer a reforma para garantir o seu trilhão e ainda com o apoio da população.

É preciso desmascarar, uma por uma, as mentiras espalhadas por essa gente. E dizer: querem R$ 1 trilhão? Tirem dos banqueiros e grandes empresas.

FAKE: Sem a reforma, o Brasil vai quebrar
FATO: Quem está quebrando o país são os banqueiros

Não são as aposentadorias que estão quebrando o país. O Sistema de Seguridade Social, do qual a Previdência faz parte, foi superavitário (teve lucro) até 2016. Ele é financiado pela contribuição dos trabalhadores, dos patrões e por impostos (o que chamam de sistema tripartite). O que aconteceu então? As bilionárias renúncias fiscais dadas pelo governo às grandes empresas, o desvio para o pagamento da dívida aos banqueiros e o desemprego fizeram com que começasse a dar prejuízo, mesmo que não sejam os bilhões que eles dizem ser. Agora, ao invés de resolver esse problema tirando dos patrões e dos banqueiros, querem tirar justamente dos trabalhadores e dos aposentados.

Onde está o rombo:

• Dívida paga aos banqueiros em 2018: R$ 1,065 trilhão

• Dívidas previdenciárias de grandes bancos e empresas: R$ 450 bilhões

• Quanto dizem ter sido o buraco da Previdência em 2018: R$ 266 bilhões

FAKE: A reforma vai combater privilégios
FATO: A reforma vai prejudicar os trabalhadores e os mais pobres

Uma das grandes mentiras que estão espalhando é que a reforma da Previdência vai fazer aumentar a economia e gerar milhões de empregos. Lembra-se de quando aprovaram a reforma trabalhista? Disseram que a reforma ia fazer a mesma coisa, mas aconteceu justo o contrário. O desemprego aumentou e, junto com ele, a precarização do trabalho.

A reforma da Previdência vai aumentar a pobreza e o desemprego. No ano passado, o número de aposentados arrimo de família aumentou 12%. Quase 11 milhões de pessoas dependem hoje diretamente da renda de aposentados para viverem, uma situação típica de uma crise econômica e alto desemprego. Tornando a aposentadoria mais difícil, para grande parte impossível, milhões serão jogados na miséria.

Ainda mais, com os trabalhadores não conseguindo se aposentar, restam menos vagas aos jovens que estão chegando no mercado de trabalho. Resultado: mais desemprego.

FAKE: Reforma da Previdência vai gerar emprego e investimento
FATO: Vai ampliar a pobreza e a miséria de 99% do povo

A reforma da Previdência não acaba com os supersalários dos ministros, do presidente ou da alta cúpula das Forças Armadas. Ela ataca os trabalhadores que estão contribuindo para o INSS, os servidores públicos cuja grande maioria recebe pouco, os trabalhadores rurais, as pensionistas e os mais pobres que sobrevivem de benefício social como o BPC (Benefício de Prestação Continuada). São esses os “privilegiados”? Os privilegiados vão continuar tendo uma vida de mamata, e os verdadeiros privilegiados, os banqueiros, 1% da população, é que vão lucrar com isso.

Quem sofre com a Reforma

Reforma acaba com aposentadoria por idade prejudicando quem começa a trabalhar mais cedo

• Impõe idade mínima de 65 anos (62 às mulheres) e joga o benefício pra baixo. Hoje, quem se aposenta por idade com o mínimo de 15 anos começa recebendo 85% do salário-benefício. Com a reforma, o tempo mínimo de contribuição vai para 20 anos e o aposentado começa a receber só 60% do salário-benefício.

• Para receber aposentadoria integral vai ser preciso contribuir por 40 anos. Na prática, aposentadoria integral deixa de existir, porque ninguém vai conseguir cumprir (como hoje o teto do INSS já praticamente não existe).

• BPC, o benefício que vai para idoso carente, baixa de um salário mínimo para R$ 400. Um salário mínimo só depois dos 70 anos.

• Pensão por morte vai ser reduzida à metade, mais 10% por dependente. Isso prejudica sobretudo as mulheres trabalhadoras.

• Trabalhadores rurais vão ter que contribuir por 20 anos para se aposentarem

• Professoras da rede pública vão ter idade mínima aumentada de 50 para 60 anos, além de terem que contribuir por 30 anos.

FAKE: Os jovens poderão optar pelo novo regime de capitalização
FATO: Os mais prejudicados serão os jovens

O governo afirma que o novo regime de capitalização será apenas para os jovens, que poderão optar por esse modelo. Primeiro, que esse regime provocou uma crise social onde foi implantado, como no Chile. Nesse modelo, patrão e governo não contribuem mais, só o trabalhador, que deposita todo o mês um valor num fundo gerido por um banco. O que acontece depois? Os bancos usam esse dinheiro para especular e o trabalhador lá na frente recebe o que sobrar. No caso do Chile, foi menos da metade de um salário mínimo.

E o jovem não vai poder optar? Claro que não. Imagine quem o patrão vai empregar: alguém que ele vai ter que depositar o INSS, ou alguém sem qualquer custo? Na prática, capitalização vai ser a regra absoluta.

Crise política mostra que é possível derrotar reforma
Nessas últimas semanas, vimos a enorme crise política em torno do governo e do Congresso Nacional. Isso é a expressão lá em cima da crise econômica e social que está longe de terminar. E de toda a roubalheira que esse governo e políticos estão metidos.

A crise dificulta o andamento da reforma. Para comprar apoio, Bolsonaro já acenou com milhões em emendas parlamentares (15 milhões para cada deputado), além de inúmeros cargos em ministérios, mas não está sendo um passeio. Enquanto fechávamos esse jornal, estava difícil para o governo aprovar até na CCJ da Câmara (Comissão de Constituição e Justiça), a primeira etapa da reforma que deveria ser, em tese, técnica.

Isso mostra que é possível derrotar essa reforma. Agora, não podemos contar só com a crise de cima. A burguesia, o imperialismo e os banqueiros estão fechados com a reforma. Vão ser bilhões para comprar esses mercenários que votarão o futuro de nossa aposentadoria. Para derrotar de fato essa reforma, é preciso luta, organização e a construção de uma Greve Geral.

Se não podemos ficar de braços cruzados, também não podemos, justo neste momento de fraqueza deles, negociar o “mal menor”, como vêm apontando o deputado Paulinho da Força e as direções das maiores centrais. Paulinho propõe uma reforma que é a mesma de Temer, que derrotamos em 2017. Isso é uma enorme traição.

O caminho é, como propõe a CSP-Conlutas, aproveitar o 1º de maio unificado e convocar uma nova jornada nacional de lutas, que aponte uma Greve Geral para junho. Ao mesmo tempo que temos que exigir isso das direções, temos que, aqui embaixo, organizar essa luta, formando comitês nos bairros, nas fábricas, nas escolas e universidades, tomando em nossas mãos os rumos dessa batalha.

Tirem R$1 trilhão dos banqueiros: aposentadoria digna para todos
É comum que as pessoas questionem, mesmo sendo contrárias à reforma da Previdência: “Mas então tem que deixar como está”? Não! Mas, ao contrário do que querem o governo e os banqueiros, a saída não é cortar as aposentadorias e prejudicar os mais pobres. Temos é que aumentar as aposentadorias e esse salário mínimo de fome, que aliás Bolsonaro acaba de congelar.

Além do aumento generalizado do salário mínimo e das aposentadorias, é preciso gerar empregos, e isso pode ser feito através de um plano de obras públicas. Revogar totalmente a reforma trabalhista e as terceirizações, revertendo a precarização.

Mas e dinheiro para isso? É só tirar dos banqueiros. Paulo Guedes não quer R$ 1 trilhão? Pois bem, foi só o que pagamos da dívida pública em 2018. Tem que parar de pagar a dívida, tirar dos banqueiros, e tirar dinheiro também das grandes empresas e multinacionais que remetem seus lucros para fora e contam com isenções bilionárias. E, se não quiserem, tem que estatizar, tanto as multinacionais como os bancos, e colocar a serviço dos trabalhadores.