Jalal Talabani, presidente fantoche do Iraque
Wilson Dias / Ag. Brasil

Governo Lula e Cúpula árabe-sul-americana concedem legitimidade a Jalal TalabaniA Cúpula dos Países Árabes e da América do Sul é apresentada pelo governo brasileiro como uma demonstração da independência e soberania da sua política externa. Mas, ao contrário do que apregoam petistas e setores da esquerda reformista, não há a menor demonstração de “enfrentamento” ou ação “independente” dos países ditos em desenvolvimento em relação ao imperialismo nesse evento. Tanto os discursos, como as delegações envolvidas e os acordo de livre comércio aprovados, apontam que a conferência segue a mesma lógica política hegemônica imposta pelo imperialismo norte-americano.

O fato que talvez mais ilustre o real caráter do evento seja a presença de representantes das ditatoriais monarquias fantoches dos Estados Unidos e, em particular, a presença do presidente fantoche iraquiano, Jalal Talabani, eleito numa das eleições mais fraudulentas já realizadas na história e recebido aqui com toda pompa e circunstância. O iraquiano chegou à Brasília cercado de um enorme esquema de segurança, com o direito a presença de cinco agentes secretos dos EUA, dezenas de seguranças iraquianos e soldados das Forças Armadas brasileiras. A preocupação com Talabani era tamanha que até baterias anti-áereas foram requisitadas. Todo esse aparato se justifica pela crescente resistência do povo iraquiano e o rechaço de milhares de lutadores à ocupação.

Aval à Talabani – A presença e o tratamento dado ao presidente iraquiano, não só pelos países árabes presentes na Cúpula, mas também pelo governo brasileiro, é um gesto de reconhecimento e legitimidade concedido ao fantoche iraquiano. Nenhuma só palavra foi levantada pelos representantes governistas na reunião contra a ocupação militar norte-americana. Todos simplesmente fingiram que ela não existe e que tampouco existe uma forte resistência com apoio popular em curso que enfrenta neste momento uma sangrenta ofensiva dos exércitos colonialistas. Afinal, segundo a lógica predominante no evento, o que interessa são as “possibilidades de negócio” entre os países, como não esconde o ministro Furlan.

No encerramento da Cúpula, Lula desejou “toda a sorte do mundo” ao povo iraquiano. Também declarou que “nós queremos é que o povo iraquiano tenha a possibilidade de reconstruir o seu país, reconstruir instituições sólidas, consolidar a democracia, consolidar o desenvolvimento, porque eu acho que, como outros povos, o povo iraquiano tem o direito de construir a sua própria felicidade e seu próprio país”.

O problema é que o povo iraquiano precisa muito mais do que sorte. Só poderá retomar sua soberania e autodeterminação com a derrota do invasor e de governos que ajudam a sustentar a ocupação como o de Lula, que dirige a ocupação do Haiti e permite o deslocamento de tropas ianques para o Oriente.