Ravena Rosa/Agência Brasil
Vera Lúcia, de Aracaju (SE)

Vera

Acordamos hoje com mais uma tragédia.

Neste momento, é preciso prestar toda a nossa solidariedade com a dor das famílias, colegas e os profissionais da educação que trabalham na Escola Estadual Raul Brasil na cidade de Suzano, São Paulo. Foi um choque saber que dois jovens entraram disparando em quem encontrasse pelo caminho, logo no início da manhã, causando essa tragédia que comoveu todo o país.

A primeira coisa num momento como esse é nos colocarmos no lugar dos pais, mães, irmãos, parentes, amigos, os professores, todo pessoal de apoio e técnico, como a coordenadora que foi assassinada e a merendeira que se trancou na cozinha com os alunos para se esconderem daquele momento aterrador.

E nos colocarmos também no lugar dos pais dos jovens que planejaram e executam esses crimes bárbaros na escola próxima de sua casa em e em seguida tiraram suas próprias vidas.

E tem sido assim os noticiários todos os dias. Os mortos nas enchentes, vítimas do descaso das administrações públicas. Os trabalhadores de Mariana e Brumadinho, mortos soterrados pela lama e, com eles, os rios Doce e Paraopeba, vítimas da ganância dos grandes empresários que compram parlamentares e governos e coloca-os a seus serviços. Os jovens, negros e pobres vindos de várias cidades do Brasil. Jogadores talentosos e sonhadores, tiveram os seus sonhos tragados pelas chamas em um contêiner, vítimas da ganância dos administradores de clubes e da conivência do poder público que sabia e até notificou o Flamengo, mas não fez nada mais além disso.  Sem falar nas tragédias dos imigrantes e refugiados aqui e mundo afora.

É assim que funciona o capitalismo. Nós trabalhadores, os mais pobres, jovens, mulheres, homens, idosos…. Não temos sossego. Não estamos seguros em lugar nenhum, nem em casa, nem na escola, nem no trabalho, nem nas ruas. Isso não pode continuar!

Não dá para ficar ouvindo todo o tipo de desculpas que os governantes dão a cada nova tragédia em nossas vidas.

Esses jovens que assassinaram e depois se suicidaram é a expressão pura e simples de uma sociedade doente. Está mais do que na hora da gente se organizar e construir outra. Essa não nos serve em nada.