Foto Romerito Pontes

O governo e a direção da Embraer dizem que a negociação com a Boeing vai ser boa para as duas partes. Isso é uma grande mentira. Primeiro, que essa transação se trata de mera venda da empresa sediada no Brasil para a gigante norte-americana. Segundo, ameaça milhares de empregos no Brasil em um setor estratégico.

A Embraer foi construída a partir de 1969 com dinheiro público, ou seja, com o nosso dinheiro, tornando-se referência no setor de aviação. Foi depois privatizada em 1994 no governo FHC a preço de banana. Esse foi um primeiro crime contra a nossa soberania. Mas, mesmo depois de privatizada, continuou recebendo dinheiro público via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a partir de 2006, na prática, deixou de ser uma empresa brasileira, com a maior parte de suas ações na mão de banqueiros e investidores estrangeiros.

Foi com o nosso dinheiro que a Embraer desenvolveu tecnologia própria e se tornou uma das únicas empresas de ponta num país cuja economia gira em torno da exportação de matérias-primas como carne e soja. Agora, com essa venda, querem transformar a empresa numa mera fornecedora de peças para a Boeing. É um negócio que só interessa à gigante dos EUA: eles ficam com o mercado de aviões de pequeno porte, em grande parte dominado pela Embraer, e ainda usa a empresa para fabricar alguns componentes de seus aviões.

Essa venda é um ataque à soberania e um avanço no processo de desindustrialização e reprimarização da nossa economia. Ou seja, o imperialismo quer que o Brasil se sujeite a ser mero exportador de produtos agropecuários e, no máximo, de produtos de baixa tecnologia. Ameaça ainda os 18 mil empregos da empresa no país.

É preciso toda a solidariedade aos operários da Embraer. Assim, nos somamos à exigência do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos para que o governo vete essa venda. Embora a Embraer seja privada e internacional, o governo brasileiro possui um tipo de ação especial, chamada “Golden share”, que permite vetar essa venda.

Mas é preciso mais. É preciso reestatizar a Embraer, sob o controle dos trabalhadores, sem qualquer indenização. Essa empresa é nossa, do povo brasileiro e dos trabalhadores que a construíram.

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