Posse do novo presidente Bolsonaro
Vera Lúcia, de Aracaju (SE)

Vera

Na posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), em 1º de janeiro, duas coisas me chamaram atenção. A primeira foi o discurso oficial e a sua declaração espontânea. E a outra foi o comportamento das mulheres e o discurso de Michele, a primeira-dama.

No discurso oficial cuidadosamente elaborado pela assessoria do presidente, tudo estava na mais perfeita ordem no que se refere à defesa da democracia como valor universal, nos marcos do sistema capitalista. A novidade foi a sua declaração no parlatório, num discurso rapidíssimo de improviso, de que “vai acabar com o socialismo no Brasil”.

Para qualquer pessoa, o desconhecimento sobre o socialismo como proposta de sistema social, é normal. Agora, para Bolsonaro, que é parlamentar há quase 30 anos e agora eleito presidente do país, falar uma asneira dessa pode ter duas razões:

1 – Criar confusão sobre um tema importantíssimo, deslegitimando qualquer debate sobre socialismo, já que esta forma de organização social interessa apenas à classe trabalhadora, sendo frontalmente oposta não somente ao seu governo de ultradireita, mas ao sistema que o seu governo vai sustentar, o capitalismo;

2 – Porque é uma toupeira mesmo. E isso, nada tem a ver com a falta de conhecimento. Porque ele é formado em educação física, ou seja, teve acesso ao conhecimento. Mas, tem coisa que não tem universidade que dê jeito.

Sobre as mulheres
Michele Bolsonaro quebrou o protocolo da cerimônia de duas maneiras. Falou primeiro que o presidente na condição de primeira-dama. E utilizou a linguagem de sinais, demonstrando que os portadores de deficiência terão atenção nesse governo. E isso será tudo. Na sua declaração deixou evidente que cuidará desses setores através da assistência social, como “sua vocação”. Porque a missão da primeira-dama é a caridade, que obterá como recompensa a gratidão. Não tem como proposta garantir a inserção dos surdos e mudos no mercado de trabalho, com salários compatíveis com as suas necessidades. Tanto que um dia depois o governo Bolsonaro extinguiu a secretaria do Ministério da Educação que tratava da educação de surdos.

Outra coisa que saltava aos olhos na posse do presidente e seus ministros era o lugar das mulheres. Todas, inclusive a primeira-dama, seguiam atrás de seus maridos. Numa demonstração explícita do ditado machista mais conhecido que “por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher”. Isso é deplorável.

O nacionalismo de Bolsonaro e o socialismo dos reformistas
Se existe uma coisa que não se pode negar é que Bolsonaro é tão defensor da bandeira brasileira (verde e amarela), ou seja, do nacionalismo, quanto os reformistas são defensores do socialismo. Pura mentira.

Bolsonaro diz que defende o Brasil, mas está tudo à venda no país, e os principais compradores são as multinacionais. De que servirá a bandeira verde e amarela? Vai saber…

Os reformistas defendem o socialismo nos discursos em dias de festas, mas quando governam, governam com afinco para o capital nacional e internacional, passando por cima das necessidades e desejos da classe trabalhadora. Vai entender… “Socialismo” onde a democracia que impera não é operária.

Tudo isso só na posse. E o ano está só começando. Que venha 2019 e a frente única para lutar. Os motivos são muitos, dentre eles, explicar, defender e lutar por uma sociedade socialista, que nunca existiu no Brasil e não existe no mundo, mas é uma necessidade da classe trabalhadora e dos mais pobres e oprimidos.