Capa do CD
Divulgação

Mantendo-se fiel a crônica do dia a dia da população de baixa renda armazenadas em campos de concentrações hoje denominados periferias, o grupo Facção Central injeta mais uma dose cavalar de ódio no cérebro do conformado e informação no desinformado. Eles, que foram processados pelo vídeoclipe “Isso aqui é uma guerra”, faixa do álbum Versos Sangrentos, lançam agora o CD “O espetáculo do circo dos Horrores” que merece ser escutado da primeira a última faixa.

Assim como o anterior “Direto do Campo de Extermínio”, este álbum também é duplo. As rimas do grupo miram o cotidiano de angústias e desilusões em uma sociedade capitalista decadente, que só oferece dois caminhos: o da cooptação, abraçado entre aqueles poucos que se destacam, que sonham com um lugar ao sol e na primeira oportunidade se vendem para o sistema, deixando apenas a desilusão a quem ontem os admirava pela postura perante o sistema. O outro caminho é o que vem sendo trilhado pela Facção Central. Eles deixam claro de que lado estão, combatendo o sistema, a mídia e a indústria fonográfica em versos como “Aí, multinacional. Não adianta insistir que seu dólar não transforma Facção em Kelly Key”.

As músicas também discutem a questão da religião, que é abraçada pela população da periferia como uma válvula de escape para o sofrimento diário. O grupo procura levar quem seja religioso ou não a repensar seus conceitos: “sou testemunha de um milagre de Cristo, desde o crucifixo mantém o oprimido pacífico, a fé em dose cavalar anula espírito de guerra, aceitar a dor da carne pra ser feliz na vida eterna”.

A luta de classes e o ódio a quem oprime são outros temas presentes nas letras, como em “O sonho de King não me tira da mandíbula da besta, escravo e dono de fazenda não sentam na mesma mesa” e “é um milagre o Carrefour não ser saqueado, as arvores do Ibirapuera não ter rico enforcado”.

Sobra ainda para os turistas, na denúncia do turismo sexual no país: “Polícia Federal só protege turista no Brasil que vem batendo punheta atrás de prostituição infantil”. Vale a pena conferir.

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