A campanha salarial dos bancários está começando e o jogo promete ser duro, porque os bancos (incluindo os estatais) estão intransigentes. Segundo os banqueiros, “o salário dos bancários cresceu demais”. Vendo a evolução salarial dos bancários nos últimos 16 anos, essa afirmação dos banqueiros é uma piada de mau gosto.

Passados 16 anos, a realidade demonstrou que a reestruturação bancária, feita por FHC em 1994, só favoreceu aos banqueiros, prejudicando a população e os bancários.

Nos anos 1980, tínhamos uma agência bancária para cada 7.432 habitantesmas, em 2010, temos uma agência para cada 9.615 habitantes. Essa diminuição do número de agências foi acompanhada por um aumento do número de correntistas. Menos bancários estão atendendo mais clientes.

Em 2010, já tínhamos 151 milhões de contas correntes e poupança, para apenas 486.196 bancários. Para cada bancário já temos hoje, aproximadamente, 310 mil contas bancárias.

Apesar de um crescimento espetacular dos bancos, houve uma diminuição do número de bancários.

Em março de 1990 havia 826.244 bancários. Em 2010, restavam somente 486.196 trabalhadores diretos dos bancos (605.580 trabalhadores, contando com os terceirizados que trabalham nas agências). Uma queda de 41%.
Enquanto isso, os bancários sofrem perdas salariais fantásticas. Se os lucros cresceram a uma média de 121% ao ano nos últimos 16 anos, a folha salarial cresceu apenas 19% ao ano.

Em 1995, o Banco do Brasil, por exemplo, gastava (contando salários e encargos) com um funcionário o correspondente a 21 salários mínimos da época. Mas, em 2010, gastou o correspondente a 7,5 salários mínimos.

A exploração é tanta que um trabalhador do Itaú paga seu salário mensal em 11 horas de trabalho, já que rendeu para o banco R$ 839 mil (em 2010), enquanto o banco gastou apenas R$ 78 mil reais, entre salários e encargos.

Bandeiras que o movimento dos trabalhadores deve encampar
O movimento sindical e popular deve assumir uma campanha pela Nacionalização e Estatização do Sistema Financeiro, pela suspensão do pagamento da dívida interna e externa e pela formação de um Banco Único Estatal, sob controle dos sindicatos e da população trabalhadora. Não se pode deixar de associar a estatização do sistema financeiro com o controle dos trabalhadores, para tirar os bancos da gestão pró-patronal hoje existente no BB e CEF. Uma estatização sem indenização, que garanta a estabilidade no emprego; o fim da terceirização e dos correspondentes bancários, abertura de concurso público para duplicar o número de bancários; universalização dos serviços, sem cobrança de tarifas e um Plano de Cargos e Salários, que retome os níveis salariais da década de 1980.

Só com a estatização do sistema financeiro seria possível acabar com este gigantesco parasita que empobrece o país, drenando capital para os banqueiros bilionários. Só assim seria possível investir em projetos realmente necessários ao Brasil. Também se poderia emprestar dinheiro aos trabalhadores a mesma taxa de juros cobrado pelo BNDES às grandes empresas, ou seja, 8% ao ano, e não 200% ao ano como no cheque especial ou no cartão de crédito.
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