Os estupradores ficaram presos durante 38 dias, mas conseguiram um habeas corpus

Integrantes da banda são acusados de estuprar coletivamente duas jovens após show no ano passadoFoi adiado para setembro o julgamento dos integrantes da Banda New Hit, acusados de estuprar coletivamente duas adolescentes em agosto do ano passado. Embora os laudos periciais comprovem a brutal violência sofrida pelas jovens, os agressores alegam ter havido consentimento.

A estratégia de defesa adotada pelos advogados dos integrantes, vitimizá-los e responsabilizar as garotas, tem grande apelo e se alicerça na cultura do estupro que impera no país. A nossa sociedade não somente naturaliza e tolera como incentiva a prática do estupro e a violência contra a mulher. Amplamente comercializada, a cultura do estupro comumente se traveste em humor, música e propagandas de cerveja. Incita os homens à prática do sexo forçado e rouba das mulheres o direito de decidirem sobre os seus corpos. Reforça e se apoia no senso comum de que, nesse caso, a culpa é sempre da vítima.

Nada mais hipócrita. As duas adolescentes violentadas pelos integrantes da banda New Hit tiveram que mudar de escola e endereço e se tornaram alvos de constantes ameaças. Os agressores, no entanto, receberam convites para novos shows. O caso ainda foi qualificado como positivo pelo empresário da banda por tê-la tornado conhecida. E assim invertem-se os papéis: confinamento para as vítimas, liberdade em grande estilo aos agressores.

A banda New Hit ficou conhecida por suas letras repugnantes que entoam a ideologia machista de que as mulheres devem ser objetos do prazer masculino, submissas e sem vontade própria. Depois da agressão coletiva, porém, o grupo teve de amargar uma faceta das mulheres que as suas letras escondem: a força, capacidade de organização e a luta incansável pelo direito de decidirem por seus corpos. Não à toa tiveram vários shows cancelados, perderam patrocínio importante e, por cada cidade por onde passaram, foram perseguidos por atos e manifestações de repúdio.

É necessário que os movimentos sociais envolvidos na luta por punição aos integrantes da banda cobrem dos governos, em especial da presidente Dilma, uma política firme de combate ao machismo que passe pela tolerância zero aos casos de violência e que puna todos os agressores.

No governo de uma mulher, nenhuma mulher deve ser vítima da violência machista acobertada pela impunidade.

Diante dos alarmantes índices de violência sexual, a condenação desses agressores representa, a todas nós, um suspiro.
As vítimas não podem mais esperar! A violência contra uma mulher, fere todas. Somos solidárias às jovens e exigimos punição aos agressores.

O PSTU exige celeridade no julgamento e defende a punição de todos os envolvidos no caso. Lugar de machista agressor é na cadeia.

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