Redação

Autodefesa dos trabalhadores e dos pobres contra a violência do estado e dos patrões!

PSTU-SE

Nesta quinta-feira, 14, executaram na porta de casa Clodoaldo Santos, o Barriga, uma das lideranças do movimento de desempregados, SOS Emprego, filiado à CSP-Conlutas, no município da Barra dos Coqueiros, em Sergipe. A motivação do crime é uma só, a luta pelo direito de trabalhar. No último período o movimento vinha organizando diversas paralisações na obra bilionária da Termelétrica Porto de Sergipe.

Nesta sexta-feira, a partir do meio-dia, na Av Hermes Fontes, em frente ao Palácio do Governo, está marcada a concentração de um ato. Hoje nossa prioridade é lutar por Barriga. Explodir em revolta contra a morte de um companheiro nosso. Dizer para eles que matar um dos nossos é apagar fogo com gasolina. Governo Jackson (PMDB) e empresas são os culpados diretos. E vão carregar nas costas essa morte e as mãos sujas de sangue até que seja provado o contrário.

Na manhã de hoje as empresas e o governo já assumiram sua culpa. Enquanto o corpo de Barriga é Velado e seus assassinos estão à solta, três viaturas da Tropa de Choque estão dando plantão em frente à obra da Termelétrica, sem que houvesse nenhum ato marcado para o local. Não vamos deixar isso barato.

Entenda o caso
O movimento SOS Emprego vinha fazendo enfrentamento direto com o governo do estado, de Jakcson Barreto (PMDB), o prefeito da Barra, Airton Martins (PMDB) e as empresas, principalmente a CELSE (Centrais Elétricas de Sergipe S.A.), que tem por trás duas outras grandes corporações, a EBRASIL- Eletricidade do Brasil e a Golar Power (composta pela norueguesa Golar LNG e o fundo de investimentos americano Stonepeak Infrastructure Partners).

A família de Barriga conta que ele e o irmão já temiam que ocorresse uma fatalidade como essa, devido algumas movimentações suspeitas. No dia 12 de novembro, Barriga, o irmão, esposas, filho e sobrinho, foram abordados por bandidos, que roubaram os celulares de toda a família. Chegaram a apontar arma na cabeça do sobrinho dele de 5 anos. Isso ocorreu um dia antes do ato na Termelétrica, que sofreu uma violenta repressão do estado, com um trabalhador preso e outros tantos feridos com bala de borracha.

Ainda no mês de novembro, dia 21, um carro prata, com placa de Santa Catarina e quatro homens dentro, ficou parado por um tempo observando a casa do irmão de Barriga. Isso ocorreu um dia antes da audiência pública, na Assembleia Legislativa, para discutir o problema do emprego na Termelétrica.

Por fim, o que antes eram suspeitas de ameaça, terminou em tragédia.  Um dia antes do crime ocorrer, na quarta-feira, 13, uma comissão de investigação formada por representantes do movimento e do governo,  conseguiu provar as irregularidades nas contratações das empresas que atuam na obra.

Nesta quinta-feira, 14, Barriga estava dormindo em sua casa, quando foi acordado por duas pessoas de moto na sua porta, dizendo que eram trabalhadores desempregados querendo entregar o currículo. Barriga informou para eles que deveriam entregar na sede da empresa na Barra. Assim que ele virou as costas, foi executado com um tiro na cabeça.

A família informou que no momento havia algumas viaturas da tropa de choque fazendo ronda no local.  Portanto, quando os policiais chegaram, ele ainda estava agonizando, porém ninguém viu movimentação da polícia, notificando no rádio, mobilizando as outras viaturas para tentar capturar os criminosos.

Antes que o estado levante suspeita, Barriga não tinha antecedentes criminais ou rixa com ninguém. Os amigos e familiares afirmam com absoluta certeza que não havia nenhuma outra motivação para esse crime.

É mais que evidente que essa tragédia foi encomendada com fim exclusivo de intimidar o SOS Emprego e a organização daqueles que lutam por direitos básicos de sobreviver. Não podemos deixar que esse medo nos impeça de seguir lutando, pelo contrário. A morte de Barriga não será em vão!

“Pode me sangrar, que eu vou purificar essa terra sem fim
Eu vou fazer brotar uma vermelha flor nesse imenso jardim
Crucifica-me, me cubra com a mortalha e mesmo assim verás
Que nada aqui nos para não. Não!”

(Gíria Vermelha)