O deputado do MAS é chamado de traidor por apoiar o governo boliviano`EvoQuando o presidente Carlos Mesa assumiu o governo em 2003, Evo Morales – deputado e principal dirigente do MAS – defendeu que Mesa era um governante diferente e que, portanto, a situação do povo boliviano iria mudar.

Dessa forma, Morales garantia a sustentação política do presidente. Mas a máscara caiu quando a COB, que inicialmente também tinha promovido uma trégua ao governo, decretou o seu fim, possibilitando ao movimento ocupar novamente as ruas, declarando guerra a Mesa. Morales, por sua vez, posicionou-se incondicionalmente ao lado do governo, criticando todo ato que pudesse desestabilizá-lo.

Em fevereiro, houve a primeira greve geral do ano convocada pela COB. Morales defendeu o boicote acusando Jaime Solares, presidente da Central, de ser um mandatário da embaixada dos EUA.

Contra a maioria do movimento organizado da Bolívia, o MAS aliou-se aos deputados da direita no parlamento boliviano para aprovar a realização do referendo. Depois, passou a defender que a população votasse “sim” nas três primeiras perguntas e “não” nas duas últimas, legitimando, assim, a farsa organizada pelo governo. Atualmente, Evo nem sequer defende mais a nacionalização do gás. Em entrevista a um jornal argentino afirmou: “Minha proposta de socialismo é respeitando a propriedade privada”.

O pacto com Mesa tem um só objetivo: as eleições presidenciais de 2007. Morales deseja ganhar pelo menos 200 municípios até o final do ano, para assim alcançar mais de 50% dos governos locais.

Apesar de tudo isso, Morales é muito elogiado por diversas organizações da esquerda internacional por ser “radical”. Ele mesmo gosta de ser identificado como “o Lula da Bolívia”. Seu braço direito, o senador Filemón Escobar, afirmou em reunião com James Petras que “toda a luta está condicionada para manter o sistema a qualquer custo, confiando nas eleições”. De fato, a comparação entre Lula e Evo não deixa de ser correta. “Falar do MAS, agora, um partido eleitoral, policlassista, com muita influência dos parlamentares vinculados com a classe média, como se fosse o MAS do começo, é um erro, como acontece com o PT do Brasil”, afirmou Petras para a revista argentina La Maza.

O desgaste de Evo Morales no movimento é evidente. Em todas as manifestações ele é chamado de traidor. Seus parlamentares da cidade de Santa Cruz de la Sierra se enfrentaram com o movimento anti-referendo exigindo a prisão dos dirigentes da COB por estes quererem impedir a realização do referendo. “Os que querem queimar as urnas serão queimados”, afirmou Benigno Vargas do MAS. Como resposta, a COB, em sua última plenária, expulsou “por desonra” o deputado, chamado-o de “vende-pátria” e “traidor”. O secretário-geral da COB, Luis Choquetijlla, disse: “Morales estaria sendo sancionado ao ser expulso com demérito para que nunca mais se levante como dirigente expressivo das organizações sociais”.

Post author Yuri Fujita, da redação
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