Ao fim da 35ª Assembléia Geral da OEA (Organização dos Estados Americano), realizada na Flórida este mês, os países membros, incluindo o Brasil, rejeitaram a proposta norte-americana que permitiria à OEA intervir nas crises dos países latino-americanas, por meio da criação de mecanismos que legitimassem esta ação. A iniciativa foi mais uma tentativa imperialista de dominação, contra a soberania dos países. Caso fosse aprovada, a proposta permitiria que os EUA agissem em determinado país quando julgassem que a democracia corre perigo. Levando-se em conta as ações do governo Bush mundo afora, como no Iraque e no Afeganistão, fica fácil e previsível imaginar o resultado. Com a rejeição a proposta dos EUA, prevaleceu a proposta de um grupo de 11 países, incluindo o Brasil, de que a OEA só intervenha a pedido do país.

Durante o encontro, Bush discursou e disse que “um dia as ondas da liberdade também iriam chegar às areias de Cuba“. No entanto, o que o presidente não falou foi sobre suas práticas anti-democráticas na terra de Fidel, como as diversas tentativas de invasão nos anos 60 e a manutenção da base militar de Guantánamo, uma prisão onde pessoas de todo o mundo são mantidas incomunicáveis e são torturadas. Tal situação tem aumentado o sentimento anti-americano nos países muçulmanos, como o Afeganistão, e têm motivado pedidos de fechamento da base por políticos norte-americanos, em sua maioria do Partido Democrata.

Testemunhos de vários presos apontam as práticas de violências física e psicológica realizadas por soldados norte-americanos. Um ex-preso afirmou que quando esteve preso no Afeganistão, sob tortura confirmou até que era Osama bin Laden, diante da indagação do soldado. Hoje, cerca de 540 pessoas estão presas na base de Guantánamo, devido à perseguição aos muçulmanos após os atentados de 11 de setembro. No entanto, muitos não receberam sequer acusação formal e os juízes ignoram as denúncias dos detentos. Um deles está preso apenas porque possuia um relógio da marca Casio, segundo a ‘inteligência’ dos EUA, de ‘um modelo usado por terroristas’. Apesar da pressão internacional e das denúncias, Richard Myers, chefe do Estado-Maior conjunto dos EUA, considera a prisão de Guantánamo “uma instalação modelo”.