“Estamos à beira de uma recessão agora”. A frase do economista norte-americano Daniel North sintetiza o declínio que vive a maior economia do planeta. Relatório divulgado neste dia 1º pelo Departamento do Trabalho do governo dos EUA revela que no mês de janeiro foram fechados 17 mil postos de trabalho. É a primeira vez que o mercado de trabalho sofre a redução no número de empregos desde agosto de 2003.

Economistas esperavam a criação de pelo menos 70 mil novos empregos no primeiro mês do ano. Porém, só o setor de construção fechou 27 mil postos de trabalho. O setor manufatureiro perdeu outros 28 mil. A perda só foi parcialmente compensada por setores como o de saúde privada. “Podemos esperar para ver mais notícias ruins no mercado de trabalho até pelo menos a metade do ano”, afirmou o economista Nigel Gaulta, da agência Global Insight ao jornal britânico Financial Times.

Desemprego a longo prazo
No último dia 31, o Departamento de Comércio divulgou o relatório semanal de emprego, que registra uma alta na concessão de auxílio desemprego, de 71 mil para 375 mil, a maior alta registrada desde o desastre com o furacão Katrina, em setembro de 2005.

O fechamento dos postos de trabalho é o resultado do acumulado da alta do índice do desemprego que chegou a atingir 5% em dezembro último. Em janeiro foi registrado 4,9%, o que não impediu o desaparecimento dessas vagas. No entanto, a situação pode ser bem pior do que deixa transparecer o relatório do Departamento de Emprego. Segundo artigo do economista Chris Isidore, da CNN, o número de americanos desempregados há pelo menos seis meses vem aumentando.

O número de trabalhadores fora do mercado de trabalho há seis meses estava em 1,5 milhão em janeiro, 21% a mais que o ano anterior e 3% superior a dezembro. Em todo o ano de 2007 foram registrados 1,2 milhão de desempregados “a longo prazo” (long-term unemployed), quase o dobro do registrado em 2000, quando a economia norte-americana passou pela última recessão.

O resultado do mercado de trabalho norte-americano e o resultado pífio do PIB no quarto trimestre de 2007, que registrou aumento de apenas 0,6%, aumentam ainda mais a perspectiva de uma recessão este ano em pleno coração do império.