A partir de agora, além da repressão a possíveis levantes sociais, o que está em jogo é, principalmente, quem controlará o Haiti e quem ganhará com a sua reconstrução daqui para frente.

Por isso, junto com a “ajuda humanitária”, o governo Obama enviou um contingente militar que, de um momento a outro, colocou os EUA como o principal país da força militar de ocupação, passando por cima da Minustah e sem se preocupar com “autorizações” da ONU. Os norte-americanos já anunciaram que enviarão 10 mil soldados, 2.200 dos quais são a famosa tropa de assalto dos “marines”, os fuzileiros navais.

Os EUA mandaram o porta-aviões “Carl Vissom”, carregado com 19 helicópteros. O destróier Higgins também se encontra na região e em breve devem chegar 3.500 soldados da 82ª Divisão Aerotransportada de Infantaria.

Nas próximas duas semanas devem chegar o cruzador “Normandy” e a fragata “Underwood”, ambos equipados com mísseis dirigidos. Também irá o navio de assalto anfíbio “Bataan”, acompanhado de duas outras naves do grupo de assalto anfíbio: o “Fort MacHenry” e o “Carter Hall”. Ou seja, chegaram os verdadeiros chefes da ocupação militar e foi posta em segundo plano a frágil Minustah.
O fato de que o principal envio de pessoal dos EUA para o Haiti seja composto por soldados especializados para o combate militar e não por especialistas em resgate, médicos ou proteção civil, deixa bem claro que seu objetivo é o controle militar e não a ajuda humanitária ao povo haitiano.

O governo dos EUA aproveita-se desta situação de crise para tomar controle direto e total do Haiti. Basta dizer que foram eles que assumiram o controle do aeroporto de Porto Príncipe e que dirigem todas as operações, sem consultar o Brasil, que até agora comandava as forças da ONU no país.

Diante da iniciativa unilateral dos EUA, a França, antiga metrópole colonial que dominava o Haiti, procurou também entrar em jogo. A proposta de Sarkozy de realizar uma conferência internacional sobre o Haiti é a expressão dessa disputa entre os vários países imperialistas sobre quem passará a controlar o país daqui para frente. E isto fica explícito pelo fato de o presidente haitiano ou qualquer membro de seu governo sequer terem sido convidados para esta conferência.

Ou seja, sob o pretexto da reconstrução esconde-se um projeto de transformar o país numa nova colônia do imperialismo americano, enquanto o imperialismo francês procura também garantir sua parte. Até o Brasil, que nos últimos cinco anos tem servido ao imperialismo ao dirigir a ocupação, procura neste momento conseguir a sua parte na repartição dos negócios da reconstrução e do controle futuro do país.
Face a isto, Préval, presidente haitiano, tem demonstrado o seu papel de capacho completo dos EUA. O seu agradecimento público ao governo dos EUA pelo envio das tropas e cruzadores que chegam ao Haiti para ocupar o país, é a expressão máxima de um presidente completamente subserviente ao imperialismo, que é ainda utilizado por Obama para se colocar como o grande humanitário, enquanto se propõe a recolonizar definitivamente o Haiti.

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